O tchetcheno Zaur Dadaev teria confessado ser o autor intelectual e único organizador do assassinato do líder opositor russo Boris Nemtsov, declararam as autoridades russas nesta segunda-feira (09/03) à imprensa local. Ele foi encaminhado para a prisão. O réu teria sido motivado pelas críticas do oposicionista ao Islã e pelo apoio às caricaturas da revista satírica francesa Charlie Hebdo ao profeta Maomé.
Efe
Além de Dadev, outros quatro suspeitos foram detidos após morte de oposicionista no centro de Moscou
Após o atentado contra a sede da publicação francesa em 7 de janeiro de 2015, Nemtsov escreveu que “o islamismo se encontra na Idade Média” e classificou a tragédia da França de “inquisição islâmica”, em seu blog particular da emissora russa Eco de Moscou.
Ex-agente das forças especiais tchetchenas, Dadaev teria entrado em contato com dois sobrinhos, Zaur e Shajid Gubashev, que viviam nos arredores de Moscou há mais de 10 anos. A dupla, por sua vez, teria envolvido na trama outros dois tchetchenos, Tamerlan Ekserjanov e Jamzat Bakhaev.
No sábado (07/03), as autoridades russas anunciaram a detenção de cinco principais suspeitos pelo assassinato de Nemtsov. Ontem, Dadaev já teria confessado envolvimento no crime, segundo a juíza do caso.
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Tanto o advogado da família de Nemtsov como outros opositores, deputados e defensores dos direitos humanos pediram às autoridades que encontrem não só os autores materiais do crime, mas também possíveis mentores.
Os colegas oposicionistas de Nemtsov acusam o Kremlin não de ter apertado o gatilho, nem sequer de encomendar o assassinato, mas de criar o ambiente para o crime ao plantar a “semente do ódio” contra os que criticam a anexação da Crimeia e se opõem à ingerência militar na Ucrânia.
Crimeia
Hoje, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, admitiu que ordenou a anexação da Crimeia horas depois de o Parlamento ucraniano depor o então presidente do país, Viktor Yanukovich, uma semana antes de as autoridades regionais da península se rebelarem contra o governo central da Ucrânia e convocarem o referendo independentista.
“Tínhamos colocado metralhadoras de grande calibre para não ter que falar. Estávamos preparados para tirá-lo de Donetsk, por terra, mar ou ar. Na noite de 22 para 23 de fevereiro, quando acabamos, perto das 7 da manhã, disse aos colegas que devíamos começar a trabalhar em recuperar Crimeia para a Rússia”, reconheceu o chefe do Kremlin.
Líder opositor e ex-vice-primeiro-ministro da Rússia, Boris Nemtsov, foi morto na noite de 27 de fevereiro, após levar quatro tiros nas costas. Ele era um dos organizadores de uma marcha contra o conflito na Ucrânia e era conhecido por suas desavenças com Putin. O episódio gerou críticas de importantes figuras políticas da comunidade internacional, que exigiu uma investigação do caso. Após o caso, milhares de russos tomaram as ruas de Moscou em críticas ao atual governo.