O relator especial das Nações Unidas sobre Tortura, Juan Méndez, afirmou nesta segunda-feira (09/03) que “a tortura e os maus-tratos são generalizados no México”. A declaração faz parte da conclusão que Méndez apresentou em um relatório elaborado após uma visita ao país latino-americano em 2014.
Para o funcionário das Nações Unidas, a violência no México ocorre “em contexto de impunidade” e torturas acontecem com o intuito de “punir ou extrair confissões ou informação”.
Carlos Latuff/Opera Mundi
Com a presença de uma delegação mexicana, o relatório desenvolvido por Méndez será debatido hoje, no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra. Para uma fonte diplomática do México consultada pela Agence France-Presse, o artigo tem provas “insuficientes”, pois apresenta a ótica de apenas uma visita de 11 dias ao país.
A violência no México voltou ao centro de atenções da comunidade internacional, depois de 43 estudantes da escola de Ayotzinapa desaparecerem no dia 26 de setembro passado. Apesar de o caso chocar o país e o mundo, dados apontam que 5,6 pessoas são dadas como desaparecidas por dia em território mexicano.
Assista a trechos da entrevista de Omar García sobrevivente de 26 de setembro:
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Atualmente, mais de 23.605 pessoas estão desaparecidas no México. Somente em 2014, 5.098 pessoas sumiram. O número é 13% maior do que o registrado em 2013. Todos os anos são feitas milhares de denúncias por familiares, mas dificilmente os casos de desaparecimento são investigados e solucionados, como pode ser verificado no episódio de Ayotzinapa.
Além de evidenciar mundialmente o problema dos desaparecimentos no México, o caso dos 43 estudantes trouxe à tona a questão das valas comuns, onde são enterrados corpos não identificados.
Em novembro passado, o então presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, afirmou que a impressão que tem é de que o México é uma espécie de “Estado falido”. De acordo com o mandatário, a vida humana no país “vale menos do que a de um cachorro” e situação é pior do que a vivenciada em uma ditadura, “que pelo menos tem enfoque político”, sendo que neste caso, trata-se somente de “corrupção” e “dinheiro”.
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