Em um seu site, o guia supremo do Irã disse nesta quarta-feira (09/05) que Donald Trump cometeu “um grande erro”, ao se retirar do acordo assinado em 2015 entre o Irã e as potências ocidentais. Ele também afirmou que o presidente americano mentiu e a ameaçou “o regime e o povo iraniano”.
“Esse sujeito vai virar poeira e seu corpo vai alimentar as serpentes e as formigas. Já a República Islâmica continuará de pé. Eu repeti várias vezes: não se pode confiar na América”. O aiatolá ainda acrescentou que também não dá para confiar na França, na Alemanha e na Grã-Bretanha. Segundo Khamenei, se não é possível obter garantias definitivas, o acordo nuclear não pode mais ser aplicado. O líder dos Guardiães da Revolução defende a continuidade do programa nuclear para que o país produza 20 mil megawatts de eletricidade para uso civil.
Europeus mantém esforços
Os europeus farão todo o possível para que Teerã respeite o acordo sobre seu programa nuclear, afirmou a chanceler alemã Angela Merkel, pouco depois de Khamenei, ter exigido garantias após a retirada americana. “Vamos respeitar o acordo e faremos todo o possível para que o Irã se atenha a suas obrigações”, declarou, um dia depois da decisão de Donald Trump de abandonar o acordo por considerar que Teerã busca produzir armamento nuclear.
Abdullah Manaz / Flickr CC
Segundo Khamenei, “não se pode confiar na América”
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Os ministros das Relações Exteriores da França, Alemanha e Reino Unido se encontrarão com representantes iranianos na próxima segunda-feira (14/05), segundo o governo francês, para discutir a questão. “Vou me reunir com meus colegas britânico e alemão na segunda-feira, e também com representantes do Irã, para considerar toda a situação”, declarou o ministro francês Jean-Yves Le Drian à rádio francesa RTL.
Os três países assinaram o acordo em 2015, ao lado do Irã, Estados Unidos, China e Rússia. O presidente francês, Emmanuel Macron, conversará por telefone com o chefe de Estado iraniano, Hassan Rohani, para informar que a França deseja “manter o acordo” e pedir que faça o mesmo, completou o chanceler.”Os iranianos devem seguir determinados a permanecer no acordo em troca de ajudas econômicas que os europeus vão tentar preservar”, disse Le Drian.
Donald Trump, anunciou na terça-feira (8) a retirada de seu país do acordo nuclear iraniano e a retomada imediata das sanções econômicas contra Teerã, uma decisão condenada por seus aliados europeus e elogiada por Israel e Arábia Saudita. Com ou sem Washington, Paris, Berlim e Londres pretendem prosseguir com os esforços para preservar o texto negociado com Teerã, que pretende garantir o caráter não militar de seu programa nuclear, além de evitar uma escalada na região.
Acordo prevê controle de instalações nucleares
O acordo nuclear com o Irã foi assinado em julho de 2015 entre Teerã, China, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Rússia e Alemanha. No texto, a República Islâmica declara que o objetivo do programa não é desenvolver armas atômicas e aceita restringir seu programa nuclear para dar ao mundo a garantia de que suas atividades no setor não têm ambições militares. Em troca, Teerã obteve o fim progressivo das sanções internacionais impostas por seu programa. O acordo prevê um maior controle das instalações nucleares iranianas.
Publicado originalmente em RFI Brasil