Sábado, 14 de junho de 2025
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Ao menos duas pessoas morreram nesta terça-feira (28/03) e várias outras ficaram feridas em um ataque com faca ocorrido em um centro muçulmano da avenida Lusíada, em Lisboa. O agressor, um homem de nacionalidade afegã, foi preso pela polícia no local do crime.

Em comunicado, as autoridades indicaram que o indivíduo perpetrou o ataque, no final da manhã, com “uma faca de grandes dimensões”, visando funcionários do Centro Ismaili, no final da manhã. O local é um espaço religioso e cultural da minoria xiita ismaelita.

A polícia foi chamada e chegando ao centro tentou desarmar o agressor. Como ele se recusou a abandonar o facão, e ainda avançou contra os policiais, os agentes reagiram baleando o homem na perna. Depois, ele foi transportado para um hospital da capital portuguesa.

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Segundo a imprensa local, as vítimas são duas mulheres, ambas de nacionalidade portuguesa. Outras duas pessoas esfaqueadas estão internadas em estado grave. A identidade do agressor ainda não foi divulgada.

“Sabemos que trata-se de um afegão, um refugiado, que por uma razão desconhecida, invadiu o centro”, afirmou o líder da comunidade ismaelita, Nazim Ahmad, ao canal de TV SIC.

A hipótese de um atentado terrorista é evocada pela imprensa portuguesa, mas até o momento a informação não pôde ser confirmada pelas autoridades.

Em coletiva de imprensa após o ataque, o primeiro-ministro português, António Costa, afirmou que “é prematuro fazer qualquer interpretação sobre as motivações deste ato criminoso”.

“Expresso minha solidariedade e minhas condolências às vítimas e à comunidade ismaelita”, declarou Costa. Segundo o chefe de governo, “tudo indica que foi um ato isolado”. 

Ao menos duas pessoas morreram nesta terça-feira (28/03) em um ataque com faca ocorrido em um centro muçulmano da avenida Lusíada

Ricardo Filipe Pereira/Wikimedia Commons

Local é um espaço religioso e cultural da minoria xiita ismaelita

Muçulmanos ismaelitas

A comunidade muçulmana xiita ismaelita é formada por mais de 15 milhões de pessoas espalhadas em cerca de 30 países. Sete mil de seus membros moram em Portugal. O chefe espiritual do grupo, Karim al-Hussaini, conhecido por Karim Aga Khan IV, obteve a nacionalidade portuguesa em 2019. Os fiéis acreditam que ele seja um descendente direto do profeta Maomé.

O líder decidiu instalar a sede mundial dos ismaelitas em Lisboa após um acordo assinado em junho de 2015 com o governo português. O compromisso concede vantagens fiscais e privilégios diplomáticos à comunidade, em troca de investimentos nos setores da pesquisa científica e desenvolvimento.

Considerados hereges por muçulmanos sunitas radicais, os ismaelitas são frequentemente alvo de violências. Um dos piores massacres envolvendo o grupo ocorreu em Karachi, no Paquistão, em 2015. Seis homens metralharam um ônibus que transportava integrantes da comunidade, matando 44 pessoas. O atentado foi reivindicado por jihadistas do Estado Islâmico. 

Portugal é raramente palco de ataques armados. O último atentado ocorrido no país aconteceu em 27 de julho de 1983, quando um grupo armado formado por cinco armênios atacou a embaixada da Turquia em Lisboa, matando duas pessoas. Na época, os agressores foram mortos pela polícia.