O que aconteceu com a Bolívia em 2019? Como uma experiência inovadora, que colocou um indígena na presidência do país andino, redundou em um golpe de estado? Quem é e o que pensa Evo Morales hoje? Como está o relacionamento entre o atual mandatário Luis Arce e aquele que o ajudou a se eleger?
Para responder a essas e muitas outras perguntas, o professor Paulo Niccoli Ramirez escreveu O Golpe de 2019 na Bolívia – Imperialismo contra Evo Morales (Ed. Coragem, 2023). A exemplo do que ocorreu no Brasil (2016) e também em Honduras (2009) e no Paraguai (2012), uma conspiração envolvendo mídia, Legislativo e Judiciário removeu os mandatários legítimos.
O autor participou de um debate e sessão de autógrafos na 69ª Feira do Livro de Porto Alegre, promovido pela Editora Coragem, que abre com este livro uma série de publicações que abordará o contexto político e social dos nossos vizinhos latino-americanos, com intuito de compreensão do público brasileiro.
Sociólogo e antropólogo de formação, Ramirez aventurou-se em terras bolivianas para encontrar um ainda reservado Morales em Villa Tunari, no Chapare, área de cultivo de coca e de florestas tropicais no centro do país.
Foi a primeira vez – disse o ex-presidente – que recebeu uma equipe estrangeira em sua casa. Foi quando Evo relacionou o interesse pelo lítio – usado em baterias de smartphones, drones, câmeras e veículos elétricos – como fermento do golpe. Das conversações com o líder cocalero participou a boliviana e ex-aluna de Ramirez Jobana Moya, que o ajudou nos contatos em sua terra. Jobana também se juntou a esta conversa com o Brasil de Fato RS. Acompanhe:
Brasil de Fato RS – Como surgiu a ideia do livro sobre o golpe de 2019 na Bolívia e a oportunidade da entrevista com Evo Morales?
Paulo Ramirez – Era 2021 e a editora Coragem entrou em contato comigo perguntando se eu tinha interesse em escrever um livro sobre o golpe que ocorreu na Bolívia em 2019. Disse que sim e que buscaria entrevistar o Evo Morales. Sem ter nenhum contato com ele, perguntei nas minhas redes sociais se alguém teria o contato de um contato de um contato. Apareceu um professor da PUC chamado Rafael Araújo que tinha um aluno que conhecia pessoas que haviam trabalhado na campanha eleitoral do Evo em 2019.
Fui fazendo contatos até chegar na assessoria do Evo. Queria uma live, mas o Evo mandou dizer que fosse visitá-lo na Bolívia. Era pandemia e não tinha vacina.
Faltando cinco dias (para a entrevista já marcada), a assessoria liga. Evo tinha sido tirado do país, porque tinha manifestações de extrema direita, e a vida dele estava em risco.
Veio 2022 e a ideia de que a entrevista fosse no Carnaval. Não tinha passagem e fiz um roteiro esquisito passando por Lima, Santa Cruz de la Sierra e daí para Cochabamba. Lá, encontrei a Jobana e, no dia seguinte, andamos mais de seis horas de carro até chegar no trópico de Cochabamba, região de plantio de coca. É um plantio tradicional, indígena. Não é aquela ideia que se tem de narcotraficante. Visitamos algumas plantações e o que se vê são pessoas comuns. A folha é utilizada de forma medicinal.
Mas essa região da Villa Tunari foi alvo na década de 1990 da ´Guerra contra as drogas` lançada pelos Estados Unidos. Os indígenas eram humilhados e extorquidos. Neste contexto Evo apareceu na política boliviana. Contra essas percepções neoliberais da guerra contra a coca especificamente. E começou a ganhar destaque em 2000, quando houve a ‘Guerra da Água`.
Jobana Moya – Antes do Evo ser um dirigente cocalero, ele já tinha uma trajetória em Cochabamba, era super conhecido.
Ramirez – Tinha sido deputado com o maior número de votos da história boliviana. Mas era uma liderança mais regional.
BdF RS – Tipo movimento social?
Jobana – De movimento social, dos produtores de coca, dos cocaleros.
Ramirez – Só no dia foi confirmada a entrevista. A gente estava desesperado. Me ligaram no hostel para que fôssemos ao encontro dele. E passaram dois ou três endereços fictícios, acho que por questão de segurança.
BdF RS – Ele estava escondido ainda?
Jobana – Eles citam protocolos de segurança. Efetivamente mudaram o endereço para despistar e preservar a segurança…
Ramirez – Aí a gente chega num terceiro endereço. Tinha levado para ele cachaça de jambu, brigadeiro, pé-de-moleque e um livro. De repente aparece, ele é alto, serviu suco de tangerina pra gente e disse: “Vocês são a primeira equipe estrangeira a entrar na minha casa para me entrevistar”. Ele dá respostas curtas.
Então, a gente perguntou sobre a infância, o que comia, do que brincava, como chegou na Villa Tunari. Ele deu respostas mais longas, muitos detalhes, lembranças dos pais, da irmã. Só que, quando voltamos à questão dos três mandatos, do golpe e de como ele fugiu da Bolívia, as respostas voltaram a ser aquelas de sempre.
Evo diz que entrou no sindicato dos cocaleros porque gostava de futebol, de jogar bola, e foi ganhando destaque, fazia gol, tudo segundo ele mesmo. Foi virando uma liderança do setor esportivo do sindicato e, depois, do sindicato como um todo. Lutava para ter uma escola melhor, arrumar uma estrada. Fomos num restaurante e, quando ele desce do carro, vem uma multidão atrás dele.
Na mesma semana em que o Lula foi libertado, Evo teve que fugir da Bolívia. ´Por que o Lula não conversou comigo?`, perguntou. Falei que o Lula estava preso. Ele tem muito afeto pelo Lula.
Quando assumiu a presidência da Bolívia em 2005, Evo veio na contramão de governos neoliberais, responsáveis por privatizações, redução de direitos trabalhistas, uma dívida externa gigantesca, uma inflação exorbitante. E ele assume com uma tentativa de uma política nacionalista e, ao mesmo tempo, de resgate e introdução da população indígena dentro do governo. Foi a grande bandeira. A esquerda urbana era um pouco distanciada da questão indígena e o Evo foi capaz de aproximar todas as tendências progressistas.
Começa a fazer nacionalizações. Ele contou uma coisa interessante. Que quando começaram as nacionalizações tentou falar com Lula e não conseguiu. Tentou ligar para um assessor de relações internacionais e não conseguiu. Estava chegando o 1º de Maio, dia das nacionalizações. Aí, ele conversou com o Fidel, com os Kirchners, com o Chávez e perguntou o que fazer. E o conselho que deram para ele foi ´Faça´.
Comentei com ele como o governo Lula foi inteligente porque fez um acordo, a empresa (da Petrobras) foi vendida e o Brasil recebeu um dinheiro. Mas o Brasil também compra até hoje gás mais barato do que outros países por conta desse acordo.
O sistema de nacionalização na Bolívia é interessante porque não exclui a iniciativa privada. Então, também dinamizou o comércio, a entrada de capital privado estrangeiro junto com o capital estatal. E o resultado é que a Bolívia teve a maior redução da desigualdade social da América Latina. Caiu o alto nível de analfabetos, distribuiu bolsas de estudo para as crianças e também para as mães. Onde não tinha hospital começou a ter hospital.
BdF RS – Começou a ter política pública.
Ramirez – Ele introduziu os indígenas na cidadania boliviana. Mudou a Constituição. Veio o novo mandato dele em 2009. O primeiro mandato foi segundo a antiga Constituição, mas o segundo mandato foi o primeiro na nova Constituição, o terceiro foi a reeleição. Isto em 2015. Aliás, durante a crise de 2008, os países da América Latina começaram a decair. O Brasil foi em 2014.
Mas a Bolívia continuou crescendo em uma média de 5% acima do PIB. Aí reduziu o desenvolvimento social. Porque o Estado colocava dinheiro na área social, então a fórmula é simples, ou seja, o Estado precisa investir na sociedade. Evo então conseguiu gerar uma prosperidade, acho que a Jobana pode falar com mais propriedade sobre essas transformações.
Jobana – O Evo faz a diferença, antes e depois, não somente por declarar a Bolívia um Estado plurinacional. Antes dele havia muita interferência estadunidense. Os Estados Unidos mandavam no Chapare…
BdF RS – O que é o Chapare?
Ramirez – É a região onde está a Villa Tunari, desses cultivos (de coca). Os Estados Unidos chegaram a ter um departamento anti-drogas dentro do Palácio Queimado, que é a sede do governo. Qualquer coisa que o governo boliviano quisesse fazer tinha que pedir “Dá licença?…” aos Estados Unidos.
Jobana – Evo conta que não podia nem aterrissar nem decolar avião sem a permissão do governo estadunidense do Chapare. Quando vim para o Brasil em 2007 – antes de Evo chegar ao poder – havia escolas que caíam aos pedaços. Quando voltei fui vendo como mudava a estrutura e melhorava. Meu pai nunca conseguiu ter uma casa, nunca conseguiu fazer poupança, e ele fala sempre: ´Graças ao Evo eu tenho uma casa`.
Muitas pessoas conseguiram poupar porque ele deixou o dólar em câmbio fixo. Deu uma estabilidade ao país que sofria com muita inflação e políticas neoliberais que os Estados Unidos impunham. Sempre falo, que daqui a 50 anos, a Bolívia vai compreender a importância de Evo Morales na nossa história. Tem as contradições que muitas pessoas apontam, mas é porque um governo se compõe de várias pessoas e de 500 anos de dominação e não vai se descolonizar tão rapidamente.
BdF RS – Na época do golpe contra Evo, inclusive algumas pessoas de esquerda diziam que ele havia ficado muito tempo no poder. Como foi essa questão do golpe? Vocês viram o golpe se formando, tinham noção que iria acontecer? Aqui, a gente começou a perceber os movimentos quando houve o golpe contra a Dilma, mesmo que a esquerda não quisesse acreditar…
Ramirez – Ele fez uma consulta pública através de plebiscito para saber se poderia ou não concorrer a um quarto mandato. Só que, dois meses antes do plebiscito, começou a surgir um monte de fake news. Inventaram que ele tinha um filho com uma antiga namorada que nunca quis registrar. Evo disse que faria um teste de DNA. E a criança não existia. Mas os meios de comunicação, canais financiados pela Igreja Católica, as alas mais conservadoras, e alguns evangélicos também, fizeram um estardalhaço.
O Evo perdeu por 51% x 49%. Sentindo-se prejudicado, recorreu às cortes eleitorais, dizendo que era um direito humano poder concorrer ao quarto mandato, segundo uma prerrogativa da Organização dos Estados Americanos, a OEA. Ele recorreu e conseguiu com a justiça o direito de se candidatar. Então, a OEA vai intervir com Luis Almagro, seu presidente.
Almagro era um capacho dos Estados Unidos. No primeiro momento, muito antes das eleições, Almagro disse que era absurdo o Evo participar. E o que que aconteceu? Houve uma intervenção externa sobre um processo eleitoral boliviano e a OEA – está no estatuto dela, ela não faz isso – se meteu nessa história.
Na nossa conversa, o Evo diz que a eleição foi tensionada por conta do interesse dos Estados Unidos nas reservas de lítio da Bolívia. Inclusive o Elon Musk chegou a comentar num post que onde quisesse dar o golpe ele daria. Foi quando foi questionado se havia alguma influência dele no golpe de 2019.
O lítio é uma matéria-prima muito importante pra baterias, enfim, está muito relacionada a quarta revolução industrial.
BdF RS – E a Bolívia é o paraíso do lítio.
Ramirez – Evo foi para o quarto mandato. Nas áreas urbanas, principalmente Santa Cruz de la Sierra, ele tinha uma rejeição gigantesca. Na Bolívia, você pode vencer a eleição no primeiro turno se tiver mais de 40% dos votos e uma distância de 10% do segundo colocado. Quando já se tinha 90% dos votos apurados, Evo estava com 46% contra 38% de Carlos Mesa, o candidato neoliberal.
Então, a justiça eleitoral parou de fornecer um dado chamado trap (método de contagem rápida), que não é um sistema oficial e sim provisório. A direita se rebela. A OEA vem a público dizendo que é um absurdo. Quando o sistema volta, Evo já está com os 10% (de vantagem).
Almagro se pronuncia e isso foi gerando uma convulsão. As pessoas eram convocadas a sair às ruas, tomar os prédios públicos, começaram a destruir tudo, destruíram a casa da irmã do Evo, incendiaram casas de políticos. Começou um clima de golpe.
Evo foi mantendo a postura, dizendo que não ia renunciar, que ia esperar o resultado da eleição. Então, a OEA recomenda um segundo turno, sem motivo nenhum. Evo até aceita o segundo turno. Depois, a OEA diz que o resultado foi uma fraude. Num primeiro momento, Evo se refugia no aeroporto de La Paz, depois vai para Villa Tunare.
A OEA criou um clima de tensão, Almagro fez burradas (*). Não se trata de defender o Evo cegamente, mas o que a OEA fez não foi científico, não teve nenhum critério, não pensou nos aspectos históricos, sociais, quanto tempo demorava uma urna para chegar, porque Evo tinha maioria absoluta em algumas regiões.
Evo renuncia com uma carta, renuncia o vice dele que era o Álvaro Linera, e a presidenta do Senado Gabriela Montano. E começa uma caça ao Evo vivo ou morto. Um jornalista argentino, Alfredo Serrano Mancilla, foi quem o ajudou a fugir para o México. Ficou menos de um mês, porque o (presidente argentino) Alberto Fernandez assumiu, e ele foi para a Argentina.
Viveu de uma forma muito simples. Falam na Bolívia que ele é rico, milionário e tal. Quando começo a entrevista, ele diz: ´Estou devendo 90 mil dólares do financiamento da minha casa`.
Na Argentina, ele ajuda a organizar a campanha eleitoral do Luis Arce – hoje os dois estão meio brigados. Uma depois, quando o Luis Arce venceu, Alberto Fernandez entrega Evo na fronteira pros bolivianos. E ele demorou quatro dias para chegar à Villa Tunare. Cada lugar que passava, ele era abençoado pelos xamãs.
BdF RS – Disseste que o Luis Arce e o Evo estão meio brigados, mas o que vemos pela imprensa é que estão rachados e vai ter uma disputa. Como está essa disputa e quais as perspectivas para essa eleição?
Jobana – Tem uma questão midiática para gerar essa polarização. Também foi um erro não julgar todas as pessoas que fizeram parte do golpe. Somente (Luis, governador de Santa Cruz de la Sierra) Camacho, Jeanine Añez e alguns poucos militares foram presos. Muita gente ficou articulada em Santa Cruz.
Todos os partidos têm grupos, mas a mídia mostra como se fosse um racha. Também imagino que para o presidente Luis Arce foi difícil seguir a marca de Evo porque ninguém vai superá-la. Muita gente quer que ele seja candidato.
BdF RS – E ele já disse que vai ser.
Ramirez – Antes de fechar o livro – coloquei isso numa nota de rodapé – ele disse que não poderia dar essa resposta.
Jobana – Acho que ele é o único que pode dar uma saída para a situação em que está a Bolívia. O governo não tem conseguido essa articulação com os vários movimentos.
BdF RS – Mas quem está no governo hoje, o Arce, participaria de uma candidatura do Evo?
Jobana – Não se sabe. Ainda há disputas dentro do partido.
Ramirez – Pode até ser uma estratégia para criar uma suposta divisão para depois unir e ganhar mais votos também.
BdF RS – E essa nova direita fascista é forte na Bolívia também?
Jobana – Está se fortalecendo muito vinculada à religião. Não podemos esquecer que o Brasil exporta as igrejas evangélicas. Meu pai é evangélico. Nas eleições, o pastor pregou na igreja para votar contra. Meu pai, que era sindicalista, ficou de pé e bateu boca com o pastor.
BdF RS – Também dentro das comunidades indígenas?
Jobana – Como fazem nas periferias aqui no Brasil, as igrejas evangélicas começam a levar coisas e posturas bem mais conservadoras.
Ramirez – Tanto é que, quando assumiu a (senadora e autoproclamada presidente Jeanine) Anez, que também foi uma articulação feita pelo Brasil e pelos Estados Unidos, para substituir o Evo na presidência, ela diz: ´A Bíblia voltou ao Palácio Queimado`.
Jobana – A Igreja Católica ficou muito brava porque a religião oficial era a católica e, quando entra o Evo, a Bolívia passa a ser laica. Tirou-se das escolas a disciplina de religião, que era obrigatória, e se começa a valorização da diversidade cultural.
Ramirez – Diziam que o Evo ia fechar as igrejas, que era um governo satânico, pagão dentro de uma nação tradicionalmente religiosa. E, vale dizer, que a Igreja Católica, os evangélicos, a União Europeia, Estados Unidos e o Brasil de Bolsonaro ajudaram nesse golpe.
BdF RS – Eu tenho uma última pergunta, Jobana. Estamos vivendo a questão das mudanças climáticas que vão produzir milhões de miseráveis. E a Bolívia acho que foi o primeiro país que reconheceu os direitos da natureza na sua Constituição. Na ONU, o Evo falou sobre essa questão da Pachamama, dos direitos da natureza, da Terra como um ser vivo…
Jobana – Também é uma disputa de visões porque se romantiza muito isso, a natureza como essa mãe acolhedora. Mas ela não se sente como igual porque a disputa é de perspectivas. O capitalismo sempre vai ser essa coisa consumista. Queiramos ou não, nossa sociedade cresce com esses valores. No outro lado, estão os povos indígenas falando que existe outra forma de nos relacionarmos.
Não acho possível emendar o capitalismo. Tem que surgir uma mudança profunda do modo de ver o mundo. Então, como é? Na teoria, estamos falando uma coisa, mas com os valores do sistema capitalista é uma contradição muito grande. Será difícil se a escola continuar ensinando as crianças a serem empreendedoras, como ganhar dinheiro, como acumular bens. Temos que avançar nas leis, mas tem que entrar também o tema da formação.
BdF RS – Que entendam que trocar de celular todo ano vai aumentar a extração do lítio.
Jobana – As crianças são educadas para não relacionar as coisas. É o individualismo. Estamos entrando na disputa mais ideológica, sentir, resistir. Os povos originários, os defensores da terra, têm essa discussão. É o próximo ponto. Não dá mais para vivermos com esses valores. Vamos ter que quebrar isso.
(*) Um estudo de pesquisadores independentes publicado em 2020 pelo insuspeito The New York Times desmentiu a OEA. Segundo o jornal norte-americano, a contagem de votos da OEA e a conclusão de que o número de votos de Evo Morales subiu inexplicavelmente no final se baseou em dados incorretos e técnicas inapropriadas. Na época, o relatório da OEA foi usado para forçar a renúncia de Evo.
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Ex-presidente boliviano Evo Morales em cúpula da Celac Social