O vice-primeiro-ministro britânico, Nick Clegg, pediu nesta terça-feira (30/09) uma reunião urgente com o embaixador chinês para expressar “consternação e alarme” com relação à postura adotada por Pequim diante dos protestos que estão sendo realizados em Hong Kong. O Occupy Central, que reivindica mais democracia para a região, chegou ao terceiro dia e tomou proporções não esperadas até mesmo pelos organizadores.
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Comemorações do Dia Nacional da China, celebrado amanhã, foram suspensas devido à maginitude do movimento
Em declarações à Sky TV, Clegg afirmou que “as autoridades chinesas em Pequim parecem decididas a não dar ao povo de Hong Kong o que eles têm todo direito de esperar, que são eleições abertas, livres e justas baseadas no sufrágio universal”.
O primeiro-ministro, David Cameron, também se manifestou, dizendo estar “profundamente preocupado”. Ele lembrou que a China se comprometeu a preservar a democracia na antiga colônia britânica, em 1997, quando a transferência de soberania foi acordada, criando o princípio de “um país, dois sistemas”. O acordo também tinha a prerrogativa de que a China, um país comunista, mantivesse o capitalismo vigente em Hong Kong.
O estopim para a mobilização teve início após o governo central chinês limitar quem poderá se apresentar como candidato nas eleições de 2017 em Hong Kong, criando um comitê com membros apontados por Pequim para escolher os postulantes ao governo local. Além disso, a comissão manterá controle sobre os candidatos, oferecendo a possibilidade de apenas dois ou três presidenciáveis se apresentarem para o pleito.
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Polícia adotou uma postura pacífica, sem tentar interferir na mobilização
“Os eleitores poderiam ‘se confundir’ com muitos candidatos para escolher”, argumentou o secretário-geral adjunto da Comissão Permanente da Assembleia Nacional Popular, Li Fei, à agência Efe.
Essas medidas quebram o acordo feito em 1997, que previa a realização de eleições abertas e sufrágio universal no prazo de 20 anos em Hong Kong.
Revolução Guarda-Chuva
Jovens, partidos políticos e organizações da sociedade civil convocaram então o protesto, chamado também de Revolução dos Guarda-Chuvas, para forçar o governo a rever a decisão.
Os eventos, no entanto, saíram do controle. Os organizadores esperavam que pelo menos 10 mil pessoas participassem da manifestação, mas, somente no domingo (28/09), mais de 80 mil chineses saíram às ruas para reivindicar mais democracia em Hong Kong. As adesões tendem a crescer entre hoje e amanhã, quando será comemorado feriado nacional pelo 65° aniversário da chegada ao poder do Partido Comunista e a fundação da República Popular da China.
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Hoje, o chefe do Executivo de Hong Kong, C.Y. Leung, pediu que os protestos na região acabem “imediatamente”. “A continuidade dos atos ilegais não fará o governo central [Pequim] se retratar por sua decisão sobre a reforma política de Hong Kong”, disse.
O governo, no entanto, considera que os protestos são ilegais e prejudicam a estabilidade social de Hong Kong, como afirmou a porta-voz da chancelaria chinesa, Hua Chunying, nesta terça.
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Para se protegerem do gás de pimenta lançado pela polícia, manifestantes portam guardas-chuvas
O governo chinês também alertou os “países relacionados” para que tenham cautela em relação ao assunto, e “não apoiem de qualquer forma as atividades ilegais como o ‘Occupy Central’, nem transmitam nenhum sinal errado”, como informou a Rádio Internacional da China.
Além do governo britânico, os Estados Unidos também se manifestaram pedindo moderação ao governo de Hong Kong e expressando apoio a um sufrágio universal pleno no território.
Preocupado com os rumos que poderão ser tomados, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse esperar que a situação seja resolvida de maneira pacífica. Ban também ressaltou que se trata de um assunto interno e disse confiar que as partes resolvam as diferenças e “preservem os princípios democráticos”.