O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi nomeado presidente de honra da juventude do Partido Trabalhista do Reino Unido. Ele agradeceu o reconhecimento em carta enviada nesta segunda-feira (23/09) ao congresso da legenda e disse que, aos 73 anos, se sente mais jovem com essa homenagem. “Essa homenagem prova, antes de tudo, que só é velho quem abandona seus sonhos de juventude, e eu jamais abandonarei os meus. E prova também que as injustiças estão em qualquer parte, e que a luta dos trabalhadores é a mesma no mundo inteiro”, escreveu.
Lula destacou ainda que os trabalhistas precisam enfrentar a lógica da austeridade, “palavra mágica e maldita que os ricos de qualquer lugar do planeta usam para roubar direitos e conquistas da classe trabalhadora”. O ex-presidente ressaltou que os políticos neoliberais defendem essa tese enquanto desmontam o Estado e ficam cada vez mais ricos, deixando os pobres cada vez mais pobres. “É assim no Reino Unido, é assim novamente no Brasil desde o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff e a posterior eleição de um governo de extrema-direita”, lembrou Lula.
Apesar disso, o ex-presidente afirmou que não vai desanimar e vai seguir lutando pelos sonhos de todos os jovens. “As consequências da ascensão da extrema-direita no Brasil são sentidas na carne pelo nosso povo, e também traduzidas para o mundo inteiro através das imagens da Amazônia em chamas e de helicópteros da Polícia atirando contra as comunidades mais pobres no Rio de Janeiro. Tudo isso me causa imensa dor, mas não me faz desistir. Um dia a justiça será restabelecida, e sairei da prisão ainda mais disposto a lutar pelo sonho de todos nós, jovens de todas as idades: a construção de um mundo melhor”, disse.
“Fui líder sindical, ajudei a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT), tive a honra de ser eleito e reeleito presidente do meu país. Nunca antes um operário havia chegado à Presidência do Brasil. Por isso eu precisava provar que a classe trabalhadora é capaz de governar, e precisava provar também que governar para todos, mas cuidando com mais carinho dos mais necessitados, será sempre o melhor caminho para a construção de um país mais desenvolvido e mais justo”, concluiu Lula.
Instituto Lula
Juventude trabalhista homenageou ex-presidente como um ‘verdadeiro lutador contra as desigualdades no mundo’
Leia a carta na íntegra:
Aos 73 anos de vida, 50 dos quais dedicados à luta contra as desigualdades, sinto-me ainda mais jovem com minha nomeação para a presidência de honra da Young Labour. Essa homenagem prova, antes de tudo, que só é velho quem abandona seus sonhos de juventude, e eu jamais abandonarei os meus. E prova também que as injustiças estão em qualquer parte, e que a luta dos trabalhadores é a mesma no mundo inteiro.
“Austeridade” é a palavra mágica e maldita que os ricos de qualquer lugar do planeta usam para roubar direitos e conquistas da classe trabalhadora. “Precisamos economizar, cortar gastos”, eles dizem, enquanto desmontam o Estado e ficam cada vez mais ricos, e os pobres cada vez mais pobres. É assim no Reino Unido, é assim novamente no Brasil desde o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff e a posterior eleição de um governo de extrema-direita.
Fui líder sindical, ajudei a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT), tive a honra de ser eleito e reeleito presidente do meu país. Nunca antes um operário havia chegado à Presidência do Brasil. Por isso eu precisava provar que a classe trabalhadora é capaz de governar, e precisava provar também que governar para todos, mas cuidando com mais carinho dos mais necessitados, será sempre o melhor caminho para a construção de um país mais desenvolvido e mais justo.
Foi assim que geramos, meu governo e o da presidenta Dilma Rousseff, mais de 21 milhões de empregos. Garantimos o aumento real de 70% do salário mínimo. Criamos mais universidades públicas que qualquer governo antes de nós. Dobramos o número de jovens no ensino superior. Construímos moradias populares para cerca de 3 milhões de famílias. Retiramos 30 milhões de pessoas da extrema pobreza. Impedimos a devastação da Amazônia. Tiramos pela primeira vez o Brasil do Mapa Mundial da Fome.
Foi por isso que a presidenta Dilma Rousseff sofreu o golpe de 2016, e é por isso que estou preso há mais de 500 dias, sem nenhuma prova de qualquer crime cometido. A elite que havia governado o Brasil ao longo de cinco séculos fez de mim um preso político, e me impediu de disputar as eleições de 2018, contrariando a Constituição Brasileira e desrespeitando resolução do Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas.
As consequências da ascensão da extrema-direita no Brasil são sentidas na carne pelo nosso povo, e também traduzidas para o mundo inteiro através das imagens da Amazônia em chamas e de helicópteros da Polícia atirando contra as comunidades mais pobres no Rio de Janeiro.
Tudo isso me causa imensa dor, mas não me faz desistir. Um dia a justiça será restabelecida, e sairei da prisão ainda mais disposto a lutar pelo sonho de todos nós, jovens de todas as idades: a construção de um mundo melhor.
Muito obrigado, e até breve.
Luiz Inácio Lula da Silva
(Presidente de honra do Young Labour)