O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva encerrou nesta quarta-feira (26/04) sua viagem à Espanha se reunindo com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, no Palácio de Moncloa.
Lula disse que estava no país para comunicar a Sánchez que o Brasil “está de volta ao cenário internacional”. O mandatário brasileiro disse que esteve em outros países, como Estados Unidos, Argentina e China, mas afirmou que pretende ir à África e ao Japão, por exemplo, “porque acho que a relação política é feita com olho no olho”.
O presidente brasileiro disse que o Brasil condena a invasão territorial da Ucrânia, mas ressaltou que a Organização das Nações Unidas (ONU) deveria fazer mais pela paz, e que seu Conselho de Segurança precisa ser reformulado para incluir mais países.
“Nós vivemos num mundo em que o Conselho de Segurança da ONU, os membros permanentes, todos eles são os maiores produtores de armas do mundo, são os maiores vendedores de armas do mundo e são os maiores participantes de guerra do mundo”, afirmou.
Lula citou a invasão do Iraque pelos Estados Unidos, da Líbia pela França e Inglaterra, via OTAN, e da Ucrânia pela Rússia como exemplos de guerras de membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. “Por que Brasil, Espanha, Japão, Alemanha, Índia, Nigéria, Egito, África do Sul não estão [como membros permanentes]? Quem determina atualmente são os vencedores da 2ª Guerra, mas o mundo mudou. Precisamos construir um novo mecanismo internacional que faça a coisa diferente. Acho que tá na hora da gente começar a mudar as coisas e está na hora da gente criar um tal de G20 da Paz, que deveria ser a ONU”, disse o presidente.
O premiê da Espanha – país que envia armas para a Ucrânia -, reforçou a importância de um “ator global” como o Brasil se preocupar com a construção da paz e ainda ressaltou que a guerra tem um “agressor”, os russos, e um país invadido, a Ucrânia.
Ricardo Stuckert
Lula encerrou viagem na Europa após se encontrar com Sánchez no Palácio de Moncloa, em Madri
Acordos com a Espanha
A Espanha foi o último país da visita de Lula à Europa, iniciada por Portugal. Ao lado de Sánchez, o presidente brasileiro disse que o Brasil quer “construir com a Espanha uma parceria ainda mais forte do que a que já existe. Vamos trabalhar juntos para melhorar nossos países e ajudar a melhorar o mundo”, disse.
Os acordos visam a intensificação de uma relação estratégica entre os dois Estados, através de bases gerais e mecanismos de colaboração.
A íntegra dos acordos pode ser conferida neste link. O documento prevê um “intercâmbio sobre o processo que se realizou, no final de 2021, para a revisão da reforma trabalhista na Espanha” e também a “criação do grupo de trabalho técnico sobre a regulamentação do trabalho e da atividade econômica em plataformas digitais”.
A Espanha é o segundo maior investidor estrangeiro no Brasil, com montante de US$ 63 bilhões, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Mais de mil empresas espanholas estão presentes no mercado brasileiro, em especial financeiro e o de comunicações.
Por sua vez, Sánchez afirmou que o encontro com o líder brasileiro abre uma nova etapa nas relações estratégicas entre Espanha e Brasil. “Temos muito que aportar à prosperidade e bem-estar de nossos cidadãos, à aproximação de nossas regiões e à construção de um mundo mais seguro e sustentável”, disse o espanhol.
Os líderes também falaram sobre as negociações por um acordo entre Mercosul e União Europeia. Na terça-feira (25/04), em discurso para investidores espanhóis em Madri, Lula disse esperar a oficialização do acordo comercial ainda em 2023.
“O Brasil e os sócios do Mercosul estão engajados no diálogo para concluir as negociações com a União Europeia e esperamos ter boas notícias ainda este ano. É um acordo muito importante para todos e queremos que seja equilibrado e que contribua para a reindustrialização do Brasil”, afirmou.
(*) Com Brasil de Fato, Sputnik Brasil e Agência Brasil.