O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva denunciou a perseguição contra o jornalista Glenn Greenwald, alvo de uma denúncia do Ministério Público Federal, e disse que o editor do The Intercept é mais uma vítima do processo que está enfraquecendo a democracia no Brasil.
As declarações foram veiculadas em artigo escrito pelo ex-mandatário e publicado pelo jornal norte-americano Washington Post nesta quarta-feira (22/01).
“Greenwald é testemunha, repórter e agora também a mais recente vítima de um processo que está enfraquecendo a democracia brasileira”.
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Lula começa seu artigo no jornal fazendo referência ao Caso Watergate e à famosa série de reportagens assinadas pelos repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein, publicadas pelo próprio Washington Post, que se baseava em documentos e mensagens secretas, obtidas através de uma fonte anônima.
As matéria sobre Watergate revelaram que o presidente dos EUA à época, Richard Nixon, utilizou dinheiro não declarado para espionar os adversários e obter vantagens em sua campanha. O escândalo levou Nixon à renúncia, em 1974.
“Imagine como a história americana se desenrolaria se, na década de 1970, se membros da sociedade civil e autoridades estivessem mais preocupados em atacar e investigar Carl Bernstein e Bob Woodward do que em procurar a verdade sobre o escândalo de Watergate. Se o Congresso e o FBI decidissem investigar os repórteres do Post e suas fontes, e não as irregularidades do Partido Republicano”, escreve o ex-presidente na introdução do texto.
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‘Greenwald é testemunha, repórter e agora também a mais recente vítima de um processo que está enfraquecendo a democracia brasileira’
“Isso é análogo ao que está acontecendo hoje no Brasil, onde o jornalista Glenn Greenwald está sendo perseguido por suas atividades jornalísticas”, completa Lula.
Ao decorrer do artigo, Lula fala sobre a denúncia do MP contra Greenwald e chama a atenção para o fato de que o jornalista começou a ser perseguido desde que começou a publicar as primeiras reportagens da Vaza Jato, que mostram a atuação ilegal de procuradores e do ex-juiz Sérgio Moro na condução da operação Lava Jato.
“As ações de Moro e dos promotores serviram para preparar o terreno para o meu julgamento injusto. A investigação de Greenwald foi fundamental para demonstrar como a Operação Lava Jato violou meus direitos legais e humanos”, pontua o petista.
Lula ainda contextualiza o histórico político do Brasil, lembrando do golpe que levou ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, antes de avançar na denúncia da perseguição contra Glenn e destacar o papel desempenhado pela mídia tradicional na cobertura do caso da Vaza Jato.
O ex-presidente citou até mesmo o caso do discurso nazista do ex-secretário de Cultura de Bolsonaro. “Com poucas exceções, a mídia brasileira tocou junto. A cobertura da poderosa da TV Globo concentra-se no inquérito da Polícia Federal para criminalizar as fontes e o próprio jornalista. Esse comportamento ridículo da mídia mudou o curso da história e contribuiu para a eleição de Bolsonaro, um líder de direita que, até recentemente, tinha um promotor do nazismo como secretário de cultura”, escreve.
*Com Fórum