O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, embarca na noite deste sábado (15/07) para Bruxelas, na Bélgica, para participar da 3ª cúpula entre a União Europeia (UE) e a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) nos próximos dias 17 e 18 de julho.
O líder brasileiro, que lidera o Mercosul temporariamente, foi convidado pelo primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, presidente rotativo da União Europeia. No total, entre líderes europeus e latino-americanos, cerca de 60 chefes de estado e de governo estarão presentes na capital belga.
De acordo com o Itamaraty, o governo Lula avalia que a cúpula pode dar “impulso” nas relações bilaterais entre as nações presentes.
Lula deve aproveitar a viagem para discutir o acordo de livre comércio entre a UE e o Mercosul, que está travado devido à carta adicional enviada pelo bloco europeu, que prevê sanções em questões ambientais. Para o petista, no entanto, a nova diretriz é uma “ameaça” e, portanto, seu governo decidiu trabalhar em uma contraproposta.
Além disso, expectativa é de que temas de interesse internacional sejam discutidos, como as mudanças climáticas; combate à fome; transições sustentável e digital inclusiva; comércio e desenvolvimento sustentável; o combate ao crime transnacional e a retomada global após a pandemia de covid-19.
Na última sexta-feira (14/07), o governo brasileiro informou que o Lula fará parte de uma mesa de negócios com líderes políticos, representantes de bancos de desenvolvimento e do setor privado para explorar oportunidades de investimentos em setores como energia renovável, transporte, infraestrutura, digitalização e conectividade”.
A presença de Lula na cúpula enquadra-se “no contexto da renovação do compromisso do Brasil com o fortalecimento da integração regional e, em particular, da Celac”, destaca a nota do Itamaraty.
Em entrevista coletiva, a secretária de Europa e América do Norte do Itamaraty, Maria Luisa Escorel de Moraes, revelou também que Lula participará de um encontro de líderes progressistas a convite de Stefan Lofven, ex-primeiro-ministro da Suécia.
A reunião, à margem da cúpula, deve contar com a presença de representantes da Argentina, Chile, Colômbia, Portugal, República Dominicana, Alemanha, Dinamarca e Espanha.
Flickr/Palácio do Planalto
Governo Lula avalia que a cúpula pode dar "impulso" nas relações bilaterais entre as nações presentes
“Participação construtiva de Cuba”
O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, prometeu na sexta-feira (14/07) que seu país participará de forma “muito ativa e construtiva” da Cúpula entre a UE e a Celac.
A declaração foi dada pelo líder cubano durante sua visita a Portugal, onde se reuniu com o seu homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, para consolidar e ampliar os laços entre os dois países.
“Cuba ajudará a participar de forma ativa e muito construtiva nas relações entre a UE e a América Latina”, disse Díaz-Canel à imprensa.
No primeiro dia de sua visita oficial a Portugal, o cubano revelou que agradeceu o líder português “por sua postura em relação ao bloqueio econômico, comercial e financeiro dos Estados Unidos contra Cuba, que constitui o principal obstáculo ao desenvolvimento do nosso país”.
Segundo a agência Prensa Latina, Díaz-Canel também valorizou o papel de Lisboa para facilitar o desenvolvimento do diálogo político e da cooperação entre Cuba e a UE, que “constituiu um importante mecanismo para manter e ampliar os laços entre ambas as partes”.
Pressão para excluir Zelensky
Após as objeções feitas pelos países da Celac, O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, não estará presente na reunião bilateral.
Segundo a agência de notícias italiana Ansa, uma fonte argentina afirmou que “a Ucrânia não faz parte da UE ou da Celac” e destacou que “a questão da guerra em Kiev, para vários membros da Celac, não tem nada a ver com as questões a serem avaliadas na cúpula de Bruxelas”.
A mesma informação também foi confirmada por Bruxelas. Extra-oficialmente, um dos representantes do bloco anfitrião confirmou que o presidente ucraniano, que participou há alguns dias da cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), na Lituânia, não comparecerá.
Bruxelas destaca que esta é a primeira cúpula com a Celac em oito anos e que ambas as regiões estão alinhadas, mas destaca que a guerra na Ucrânia causou “insegurança alimentar e aumento da inflação” e que “tudo isso provavelmente será discutido na cúpula”, então a presença de Zelensky faria sentido.
No entanto, a imprensa de Buenos Aires afirma que as pressões da Venezuela, Nicarágua e Cuba, países alinhados à Rússia, foram decisivas para excluí-lo.
(*) Com Ansa