Com a aproximação do fim do prazo de 100 dias estabelecido pelo presidente Emmanuel Macron para a primeira-ministra Élisabeth Borne “apaziguar” o país, após a turbulenta promulgação da reforma da Previdência, em abril, a imprensa francesa analisa nesta segunda-feira (10/07) o que pode mudar no governo.
O prazo concedido por Macron a Élisabeth Borne termina em 14 de julho, sexta-feira, dia da festa nacional francesa. Segundo o jornal Le Figaro, uma reforma ministerial parece cada vez mais provável, sobretudo após os recentes protestos pela morte do jovem Nahel, morto durante um controle policial na periferia de Paris. O diário conservador acredita que a chefe de governo continuará no cargo, enquanto outros ministros deverão entregar suas pastas.
Os titulares da Saúde e da Educação, assim como a secretária de Estado Marlène Schiappa, gestora do orçamento público para associações civis, estariam com os dias contados. Depois da polêmica entrevista de capa na revista Playboy, Schiappa é investigada por suspeita de favoritismo na atribuição de recursos captados por um fundo atrelado a seu ministério.
No caso de Pap Ndiaye, da Educação, e do médico François Braun, da Saúde, ambos recrutados na cota de representantes da sociedade civil, a falta de traquejo político prejudicou o desempenho de ambos em suas funções. O que era para ser uma vitrine para o governo – ter um ministro da Educação negro e um urgentista na Saúde – tornou-se um erro de apreciação do presidente.
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Élisabeth Borne pode ser uma das vítimas da reforma ministerial planejada por Macron na França
O Libération traz reportagem de capa com o ministro do Interior linha-dura de Macron, Gérald Darmanin, que manobra nos bastidores para ser nomeado primeiro-ministro no lugar de Élisabeth Borne e, depois, disputar a presidência da República, em 2027.
De acordo com o jornal progressista, o ministro tem multiplicado encontros e jantares com políticos da região norte, seu reduto eleitoral, grandes empresários e investidores, a fim de obter apoio às suas pretensões políticas.
No entanto, Darmanin é uma personalidade controvertida. Já foi denunciado e inocentado por suspeita de estupro e dirige a polícia como um “bandidinho”, segundo a descrição de um assessor de Macron ouvido pelo Libération.
Enquanto a imprensa especula, o presidente francês faz o que mais gosta: mantém o mistério absoluto sobre suas decisões.