Após duas semanas de fogo cruzado com a oposição e
observando sua popularidade diminuir, o presidente francês, Emmanuel Macron,
colocou fim ao suspense e anunciou nesta terça-feira (16/10) a composição de
seu novo governo. A principal mudança diz respeito à pasta do Ministério do
Interior, depois da renúncia, em outubro, de uma das principais personalidades
do governo, Gérard Collomb.
No total, oito novos nomes estreiam no executivo comandado
pelo primeiro-ministro francês, Edouard Philippe. A paridade de sexos – 17
mulheres e 17 homens – uma promessa de campanha de Macron, segue sendo
respeitada.
A mudança mais importante é a nomeação de Christophe
Castaner para comandar o Ministério do Interior e de Cultos. Ex-socialista
convertido ao macronismo, ele atuará em binômio com Laurent Nuñez, um alto
funcionário de carreira da área de segurança e inteligência, escolhido para
acalmar o descontentamento dos policiais com a falta de investimentos do
governo.
Na pasta da Agricultura, entra o senador socialista Didier
Guillaume. Na Cultura, a editora Françoise Nyssen, muito apagada, cede o lugar
para Franck Riester. Muda também o ministro de Relações com o Parlamento, pasta
que passa para Marc Fesneau, presidente do partido de centro MoDem.
O ministro da Educação, Jean-Michel Blanquer, ganha um
secretário encarregado da Juventude, o deputado Gabriel Attal. Já Jacqueline
Gourault substitui Jacques Mézard no ministério da Coesão dos Territórios.
Outras mudanças dentro dos ministérios foram realizadas.
Como, por exemplo, a secretaria da Igualdade entre Mulheres e Homens, comandada
por Marlène Schiappa, que agora também é encarregada da Luta Contra as
Discriminações.
Para a oposição, há uma falta de ambição de Macron com a
mudança de governo. “Tudo isso para nada. Quando teremos uma mudança de
política?”, questionou a porta-voz do partido Os Republicanos, Laurence
Sailliet. Para a líder da extrema direita, Marine Le Pen, “com Macron,
sempre pode ficar pior”. Já Alexis Corbière, porta-voz do movimento França
Insubmissa, do líder da esquerda radical Jean Luc Mélenchon, a reforma não
trará nenhuma mudança.
Duas semanas de
incertezas
O anúncio do novo governo coloca fim a duas semanas de
incertezas no governo Macron. Dezessete meses depois que assumiu o poder, o
presidente ainda pena para se livrar do rótulo do “presidente dos
ricos” e da imagem de desdém em relação aos problemas vividos pela população
– insatisfações ressaltadas frequentemente em pesquisas de opinião.
Garantindo que não mudará de política e que manterá a
realização de reformas, o chefe de Estado reconheceu recentemente, durante
viagem às Antilhas francesas, que “ninguém é perfeito” e “erros
são inevitáveis”. Resta saber se a nova composição do governo permitirá ao
presidente francês recuperar sua popularidade, que vem diminuindo drasticamente
nos últimos meses.
O índice de aprovação de Macron atingiu seu mais baixo
índice desde o início de seu mandato, segundo a última pesquisa realizada
pelo instituto Ifop. Com 29% de franceses satisfeitos com seu governo, o
presidente francês perdeu cinco pontos em setembro em relação a agosto, quando
alcançou 34%.
NULL
NULL