A primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne, e os novos ministros do governo do presidente francês, Emmanuel Macron, se reúnem pela primeira vez nesta segunda-feira (23/05) desde a nomeação do novo gabinete e sua reeleição, há um mês.
O Conselho de Ministros ocorre em meio às acusações de estupro contra Damien Abad, novo ministro da Solidariedade, da Autonomia e das Pessoas com Necessidades Especiais e ex-presidente do partido A Republica em Marcha, de Macron, na Assembleia Nacional.
A denúncia foi publicada no sábado (21/05) pelo site investigativo francês Mediapart. Duas das supostas vítimas foram entrevistadas pelo jornal e acusam o ministro de estupros cometidos em 2010 e 2011.
Uma delas afirmou até mesmo ter sido drogada pelo então ex-deputado do partido do chefe de Estado, o que levou a Justiça francesa a abrir um inquérito para analisar o caso. Duas das queixas feitas por uma das mulheres já haviam sido arquivadas em 2012 e 2017.
De acordo com a rádio francesa France Info, a nova primeira-ministra francesa não estava a par das denúncias. Ela prometeu enfrentar “as consequências” das decisões da Justiça. O lider do partido de esquerda radica A França Insubmissa, Jean Luc Mélénchon, reagiu dizendo que é preciso “antes de mais nada acreditar na palavra das mulheres”.
Segundo o Mediapart, o Observatório das Violências Sexistas e Sexuais em política já havia transmitido à direção dos partidos A República em Marcha (centro) e Os Republicanos (direita) o depoimento de uma das mulheres.
@EmmanuelMacron/Twitter
Macron participa do Conselho de Ministros com a presença de Damien Abad, acusado de estupro
Legislativas
A pauta do primeiro Conselho de Ministros discutirá os principais temas definidos pelo presidente durante a campanha. Entre eles, a situação nas escolas, nos hospitais, a chamada transição ecológica e a luta contra a inflação.
As eleições legislativas, em junho, também são uma prioridade para o presidente, pois vão determinar seu apoio entre os parlamentares para votar leis polêmicas, como a da Reforma da Previdência. O texto prevê que a idade mínima de aposentadoria passe a ser de 64 ou 65 anos.
Caso a oposição obtenha mais cadeiras na Assembleia Nacional, a extrema esquerda de Jean Luc Mélénchon, que integra a coalizão e teve mais votos na eleição presidencial, poderá decidir reivindicar o cargo de primeiro-ministro, uma característica do sistema político na França, conhecido como coabitação. Em 2017, Macron já havia criado uma regra que determina a demissão do governo em caso de derrota de seu partido.