Em uma carta endereçada ao povo francês, o presidente Emmanuel Macron pediu nesta quarta-feira (10/07) que seja construída uma coalizão com uma maioria “sólida” e “plural” no Parlamento, com base em um “diálogo sincero”.
A declaração foi publicada em vários jornais regionais três dias após o término das eleições legislativas no país, que sacramentou a vitória do bloco de esquerda Nova Frente Popular (NFP), liderado por Jean-Luc Mélenchon, com 182 das 577 cadeiras existentes na Assembleia Nacional.
“Peço para todas as forças políticas que se identificam com as instituições republicanas, o Estado de Direito, o parlamentarismo, a orientação europeia e a defesa da independência francesa que iniciem um diálogo sincero e leal para construir uma maioria sólida, necessariamente plural, no país”, escreveu o mandatário.
No texto, Macron ainda disse que “ninguém ganhou” o pleito organizado no último domingo (07/10), no qual a esquerda, apesar da liderança, não obteve maioria absoluta.
O chefe de Estado recomendou que “ideias e programas” sejam priorizados “antes de cargos e personalidades”, além de explicar que o novo Parlamento precisa ser “construído em torno de alguns grandes princípios e valores republicanos”.
“Um projeto pragmático, legível e que leva em conta as preocupações manifestadas nas eleições. Ele precisará garantir a maior estabilidade institucional possível e reunir homens e mulheres que coloquem o país acima de seus partidos e ambições”, afirmou o mandatário.
De acordo com o jornal francês Le Monde, diante da NFP, que ostenta o maior contingente de deputados no Parlamento, “os apoiadores de Macron parecem estar divididos entre os favoráveis a uma aliança com o partido de direita Os Republicanos (LR) e os favoráveis a uma ampla coalizão, incluindo ‘os social-democratas’”.
A esquerda francesa reagiu à carta. O líder do partido A França Insubmissa (LFI), Jean-Luc Mélenchon, acusou o presidente em rede social ao dizer que “se recusa a reconhecer os resultados das urnas que colocam a Nova Frente Popular à frente em termos de votos e de assentos”.
Unique dans le monde démocratique : le président refuse de reconnaître le résultat des urnes qui a placé le Nouveau Front Populaire en tête des votes et des sièges à l’Assemblée. C’est le retour du droit de veto royal sur le suffrage universel. Il prétend donner du temps pour…
— Jean-Luc Mélenchon (@JLMelenchon) July 10, 2024
Mélenchon insistiu que Macron tem que “aceitar a derrota” nas mãos da aliança de esquerda.
(*) Com Ansa