A Comunidade de Madri (que inclui a capital da Espanha e demais cidades da região metropolitana) amanheceu nesta segunda-feira (21/11) com uma grande manifestação de médicos do serviço de atenção primária contra o que chamam de “colapso dos centros de saúde” do local.
A Comunidade de Madri é administrada pela presidente Isabel Díaz Ayuso, do conservador Partido Popular (apesar do nome do cargo, sua função é similar à dos governadores no Brasil). Os médicos acusam sua gestão de gerar sobrecarga de trabalho, grandes filas de espera entre os pacientes, o que resulta na falta de tempo para um bom atendimento e estresse entre os profissionais.
Segundo o diário Público.es, cerca de 5 mil médicos se reuniram em frente à sede da Gerência Assistencial de Atenção Primária, onde se realiza a gestão das políticas de saúde da Comunidade de Madri, com cartazes e faixas com o lema “Tempo, qualidade e dignidade”.
Os organizadores asseguram que a paralisação fez com que os 430 centros de saúde da Comunidade de Madri ficassem parcialmente paralisados nesta segunda – estariam trabalhando apenas alguns profissionais, nos chamados “turnos éticos”, para atender apenas casos de urgência.
Segundo a médica Hilda Herrera, uma das porta-vozes do movimento dos médicos, a piora das condições de trabalho no serviço público de Madri desde o início da administração de Ayuso (agosto de 2021) chegou a um nível insustentável. “Quero exercer minha profissão da melhor maneira, atender bem aos meus pacientes, mas as agendas estão transbordando. Isso não é justo nem para nós, nem para os nossos pacientes”, comentou a profissional.
Alfredo Langa / Público.es
Médicos de Madri protestam contra sobrecarga de trabalho
Os médicos também reclamam da estratégia comunicacional do governo de Ayuso, afirmando que o governo da Comunidade tenta jogar os pacientes contra os médicos, atribuindo a esses a responsabilidade pelas filas de espera e pelo atendimento insuficiente.
“Nossa capacidade de atendimento é diminuída porque muitos de nossos colegas optam por ir a outras comunidades ou no exterior em busca de melhores condições, enquanto ninguém suplementos aqui”, reclama Dora Bejarano, pediatra e também porta-voz do movimento dos médicos madrilenhos.
A resposta de Díaz Ayuso à greve foi usando a mesma retórica criticada pelos médicos, tentando criminalizar os profissionais que demandam melhores condições. “Há momentos em que o que parece uma reivindicação legítima acaba gerando prejuízos muito maiores aos cidadãos, e eu espero que os médicos entendam que este não é o momento nem a forma de fazer as coisas bem”, declarou a presidenta da Comunidade de Madri.
A organização de médicos e pediatras da Comunidade de Madri afirma que sua greve é por tempo indeterminado.