O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, decretou nesta terça-feira (16/09) estado de exceção em mais dez municípios na fronteira com a Colômbia. A decisão vem em meio a uma crise na divisa entre as duas nações, quase um mês após militares das Forças Armadas venezuelanas terem sido emboscadas por paramilitares colombianos.
O anúncio implica a intervenção em todos os municípios fronteiriços dos estados de Táchira (centro-oeste), onde a medida já havia sido implementada há algumas semanas, bem como em Zulia (noroeste) e Apure (sudoeste).
EFE
Maduro: tensão teve início em 18 de agosto, em virtude da descoberta de ações de paramilitares na fronteira
Maduro deu instruções ao ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, para reforçar a presença das Forças Armadas “em todos os níveis”, com Exército, Marinha, Polícia Militar, a Aeronáutica, “tomando todas as medidas para evitar provocações daquele lado”, destacou.
Em Táchira, há ao menos 5 mil militares nas chamadas zonas de segurança na fronteira. Já nos outros dois estados, há cerca de 3 mil militares. No processo, mais de 1.500 colombianos foram deportados e mais de 10 mil deles saíram voluntariamente do país.
O decreto prevê restrições ao trânsito de mercadorias e bens, isto é, as autoridades podem revistar bagagens e veículos, “sem a necessidade de uma ordem judicial prévia”, destacou o presidente. No entanto, Maduro não especificou hoje se a nova condição inclui o fechamento das passagens fronteiriças nos mesmos.
De acordo com a Constituição venezuelana, o estado de exceção é decretado em situações que afetam gravemente a segurança das pessoas, da nação ou instituições e pode restringir temporalmente as garantias constitucionais.
NULL
NULL
Ontem, a chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, anunciou que os presidentes dos 12 países da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) se reunirão na próxima segunda-feira para tratar a crise fronteiriça.
Paramilitares
A tensão entre os dois países começou em 18 de agosto, quando Maduro divulgou um vídeo que revela como funciona uma rede de apoio às ações de 30 grupos paramilitares, treinados na Colômbia e com vínculos nos Estados Unidos, com o propósito de provocar atos violentos na Venezuela.
O protagonista do vídeo é José Pérez Venta, suposto assassino da militante opositora Liana Hergueta, morta há duas semanas. Na produção, ele explica que foi treinado por colombianos para o manejo de armas e explosivos e que o país vizinho foi responsável pelo financiamento das atividades desses grupos paramilitares.
EFE
Fronteira entre Venezuela e Colômbia é conhecida por ser centro de contrabando
Além disso, Venta diz ter se encontrado com Uribe, e com o candidato derrotado na última eleição presidencial colombiana, Óscar Ivan Zuluaga. Segundo o réu, também estariam envolvidos no processo de financiamento os políticos norte-americanos Ileana Ros-Lehtinen e Marco Rubio, pré-candidato à presidência dos Estados Unidos pelo Partido Republicano.
Com 2.219 quilômetros de extensão, a divisa entre Colômbia e Venezuela também é uma região em que grupos desenvolvem contrabandos, principalmente de combustíveis baratos venezuelanos e tráfico de drogas colombianas. De todos os estados fronteiriços, apenas o do Amazonas ainda não está sob estado de exceção em seus municípios limítrofes com o país vizinho.