O presidente venezuelano Nicolás Maduro juramentou, na noite desta segunda-feira (22/04), os ministros que conformarão seu governo. Durante o ato, o chefe de Estado justificou as mudanças no gabinete dizendo que elas representam um “novo ciclo de renovação” necessário para que “se dinamizem todas as forças e dimensões que a revolução colocou em marcha”. Conforme anunciado no último domingo, das 32 pastas, 17 passam a ter novos ministros.
“Estamos conscientes de que iniciamos um novo ciclo da Revolução Bolivariana”, afirmou Maduro sobre a renovação em parte dos ministérios, lamentando, no entanto, a ausência do falecido presidente Hugo Chávez. “Ele pensou assim (…) mas nunca pensamos que o novo ciclo começaria sem ele na liderança. Passamos por dias difíceis, e sempre é preciso ter consciência disso”, afirmou.
Agência Efe (23/04)
Nicolás Maduro durante ato de juramentação de novos ministros venezuelanos
Durante o ato, o presidente venezuelano fez alusão às declarações da secretária adjunta dos Estados Unidos para a América Latina, Roberta Jacobson, de que “metade dos venezuelanos não confia nos resultados” eleitorais de 14 de abril, e que os votos deveriam ser recontados para solucionar a “divisão” do país. Maduro elogiou seu chanceler, Elías Jaua, pela resposta “com muita contundência” aos comentários.
“Ai daquele que queira se meter com a Venezuela bolivariana e chavista”, afirmou Maduro, perguntando aos presentes: “Vocês acham que alguém no mundo pode nos pautar sobre o que devemos ou não devemos fazer?”. Diante da pergunta, um sonoro “não” foi respondido da plateia do teatro Teresa Carreño, na capital, onde foi realizado o ato de juramento. “Essa época acabou”, complementou.
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O presidente venezuelano afirmou ainda que os Estados Unidos tentam desconhecer a vontade da população do país. “Os inimigos da pátria têm muita consciência do que aconteceu em nosso país e trabalham em função disso”, garantiu, mencionando os atos violentos registrados em diversas partes do país no dia seguinte às eleições, deixando pelo menos nove mortos e dezenas de feridos. “Estamos mais unidos que nunca”, afirmou.
Maduro disse ainda que o país vive uma transição para uma “sociedade mais humana”, e pediu para que sua equipe de ministros inicie um “governo das ruas”. “Vamos para a rua, vamos construir com o povo, vamos nos encontrar com os problemas que a pátria tem, ali na favela, na rua, na comunidade, na universidade, na escola, nos hospitais. Nós temos que ser um governo que vá ao encontro da realidade da Venezuela”, explicou.
“Convocamos um grande diálogo nacional, um grande diálogo bolivariano”, disse, ressaltando que não pede um diálogo de cúpulas entre elites. “Isso acabou, aqui não vai ter pacto de nenhum tipo com a burguesia. Que não criem ilusões”, afirmou, “aqui vai ter diálogo com todo o país (…) sou o presidente de todos os venezuelanos”.
Maduro apresentou novamente sua equipe, justificando a permanência ou nomeação de ministros, e anunciou orientações de seu governo, como o combate à “sabotagem elétrica”, que afeta alguns Estados do país. Segundo ele, o sistema de eletricidade será declarado como “serviço de segurança da nação”. “Vamos construir um novo sistema, desde o zero”, explicou.
O presidente venezuelano também pediu a “massificação da prática esportiva” no país e uma “revolução cultural de valores” orientada a combater o capitalismo. Entre as metas também estão o combate à burocracia e à ineficiência no aparato estatal, o fim de mecanismos para a flexibilidade do trabalho e a segurança social, a recuperação de infraestrutura em comunidades, intensificação da produção de alimentos, melhora da segurança, entre outros.
Outro anúncio foi a proposta à Assembleia Nacional da então ministra do Comércio do país, Edmée Betancourt, passe a ocupar a presidência do BCV (Banco Central da Venezuela). O posto era ocupado por Nelson Merentes, que assume o ministério de Finanças.