A oposição venezuelana questionou a segurança do processo eleitoral nesta quarta-feira (03/04), ao denunciar que uma das senhas de acesso para iniciar as urnas eletrônicas teria caído nas mãos de um técnico do PSUV (Partido Socialista Unido de Venezuela), do candidato governista Nicolás Maduro. Em resposta, o presidente interino pediu, durante comício no Estado de Mérida, para que a MUD (Mesa de Unidade Democrática) “jogue limpo” e “respeite a decisão da Venezuela”.
Efe (04/04/2013)
Maduro faz campanha em Mérida. Candidato chavista pediu que oposição “jogue limpo” e “respeite a decisão da Venezuela”
O presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, afirmou que enxerga um cenário de tentativa de desestabilização. “Como sabem que as pesquisas não são favoráveis, agora querem montar focos de perturbação. Ante esse intento da direita, o povo estará nas ruas para defender a Revolução Bolivariana e o triunfo de Nicolás Maduro”, disse ontem em Mérida, após lembrar que o candidato chavista lidera por mais de 20 pontos a maioria das pesquisas de intenção de voto.
A denúncia da MUD será avaliada pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral), de acordo com o dirigente do órgão, Vicente Díaz. Ele explicou que a senha não permite “tocar no sistema eleitoral” e, portanto, “não afeta em nada a eleição” de 14 de abril. Segundo Díaz, “há risco de sabotagem”, mas que seria detectado imediatamente. “A gravidade do fato não está no risco de uso da senha (…), mas em que nenhum partido político, da oposição ou do governo, pode ter acesso a qualquer senha do CNE”, explicou.
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O porta-voz da MUD, Ramón Guillermo Aveledo, disse que o episódio “anormal” foi detectado por representantes do Comando Simón Bolívar em 30 de março durante auditoria efetuada no Estado de Miranda. “É completamente anormal que (o código) estivesse nas mãos de um técnico do PSUV. O partido oficial deixou vulnerável áreas técnicas que são de manejo exclusivo do CNE e da empresa (encarregada) das máquinas. É um assunto sério”, falou em coletiva de imprensa. Ele não apresentou provas sobre a denúncia.
O coordenador de Estratégia e Política Eleitoral do Comando Hugo Chávez, Francisco Ameliach, publicou em sua conta no Twitter (@AmeliachPSUV) uma foto que mostra uma ata da auditoria mencionada por Aveledo, assinada sem objeções e observações pelos membros da MUD. O documento diz que “os representantes das organizações com fins políticos executaram todas as provas e revisões nas máquinas de votação selecionadas, verificando que os equipamentos funcionavam corretamente.”
Twitter/@AmeliachPSUV
Oposição x CNE
A oposição venezuelana vem questionando a segurança e isenção do processo eleitoral desde antes do início da campanha. Durante discurso para anunciar sua candidatura, em 10 de março, Henrique Capriles acusou o CNE de já ter “tudo pronto” para a eleição de 14 de abril, pois a data foi anunciada com rapidez, cinco dias após a morte de Hugo Chávez. Em 8 de março, após jurar como presidente interino, Maduro convocou o novo pleito.
Poucos dias depois, o maior jornal opositor, El Nacional, publicou em editorial que o CNE é um “obstáculo permanente” para eleições livres e justas na Venezuela, e chegou a insinuar que o voto já não é uma forma de promover mudanças no país.
Quem também fez comentários sobre o CNE foram os Estados Unidos. A porta-voz do Departamento de Estado de Estados Unidos para América Latina, Roberta Jackson, afirmou em março que julgava difícil que a Venezuela tivesse eleições “abertas, livres e transparentes”. As declarações foram rechaçadas tanto pelo órgão eleitoral como pelo governo.