Após ficarem refugiadas na embaixada do Brasil em Oslo, na Noruega, por 20 dias, a brasileira Vitória Jesumary Alves, de 37 anos, e sua filha, Sofia, 3, desembarcaram nesta quarta-feira (18/12), por volta das 23h (0h de Brasília), em Recife. Junto a elas, o ex-marido e pai da criança, Alberto Knoff, 46, um chileno naturalizado norueguês.
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As brasileiras foram recepcionadas por familiares e amigos, com cartazes – agradecendo a imprensa, a mobilização nas redes sociais e a embaixada brasileira no país nórdico -, além de representantes do Itamaraty. Os familiares mostraram-se aliviados com o desfecho e emocionados pelo retorno. Familiares delas, que vivem em São Paulo, vieram ao Recife.
Wagner Santos
Familiares e amigos esperaram pela volta de Vitória e Sofia no aeroporto de Recife
A brasileira relatou que passou por momentos de desespero. “Ontem (17/12), eu estava desesperada, pensando que ia passar o Natal e o Ano Novo lá. Mas, claro, eu não ia entregar a minha filha de jeito nenhum”, desabafou Vitória. “Estou aliviada de ter saído daquele inferno”, afirmou, acrescentando que não pretende retornar à Noruega.
Apesar de ter seu caso resolvido, Vitória alerta que outras mães, não apenas brasileiras, têm passado pelo mesmo drama que ela. “Espero poder ajudar em alguma coisa outras mulheres que estão perdendo os filhos na Noruega. Acho que o Brasil tem que se unir para ajudar também elas [as brasileiras]”, declarou ela.
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Arquivo Pessoal
Segundo Knoff, o caso na Noruega foi encerrado e ele veio ao Brasil para garantir a segurança. “Eu tenho o meu trabalho na Noruega, e vim aqui com o dever de trazer a Sofia em segurança”, explicou ele, que fica no país até fevereiro. Apesar de doente, o chileno-norueguês disse que virá periodicamente ao Brasil para visitar a filha.
[Vitória e Sofia no aeroporto de Oslo, embarcando para o Brasil]
Após pai e mãe se divorciarem e ambos brigarem na Justiça pela guarda da criança, que nasceu em São Paulo, o Barnevernet – serviço de proteção à criança e ao adolescente da Noruega – entrou no caso. O órgão alegava que a mãe não possuía capacidade para criar a criança e que o pai estava doente e, por isso, tentou recolher a criança para colocá-la no programa de adoção. Contudo, os pais – numa atitude combinada – levaram a criança para a embaixada, onde a mãe estava com a filha até então.
Embaixada
O embaixador brasileiro em Oslo, Flávio Helmold Macieira, disse a Opera Mundi que o caso reflete a “maturidade” do dialogo e do relacionamento entre o Brasil e a Noruega. O diplomata reforça que em momento algum o governo brasileiro contestou decisões das autoridades norueguesas, limitando-se a solicitar autorização para retorno ao Brasil de cidadãs brasileiras, com apoio do pai da criança.
“Reforça o princípio de que o ambiente familiar estendido – a família em sentido ampliada, entendida como estrutura de apoio – é um elemento fundamental na educação de um menor, e sua existência deve sempre que possível pesar em decisões sobre o futuro de menores de idade em situação de vulnerabilidade”, afirmou Macieira. Segundo ele, o governo norueguês foi “flexível”.