A partir de hoje (29/7) a lei de imigração do Arizona entra em vigor, após ter os itens mais polêmicos suspensos por uma liminar, emitida ontem. Mais de 500 mil mexicanos vivem ilegalmente no estado – e formam 10% da força de trabalho –, segundo dados da Secretaria de Relaçoes Exteriores do México. Eles são 86% da população latina no Arizona, calculada em dois milhões de pessoas. Ao todo vivem 6,6 milhões de pessoas no estado.
O anúncio da retirada dos termos que previam a exigência de documentos de qualquer pessoa considerada “suspeita”, que forçavam imigrantes a portar documentos em tempo integral e que impediam os não regularizados de procurar emprego em locais públicos, entre outros, foi comemorada no México. “É um primeiro passo na direção correta”, afirmou a chanceler mexicana, Patricia Espinosa, que anunciou que o México, juntos a outros governos latino-americanos “seguirá pedindo que a lei seja declarada inconstitucional”.
Efe
Mexicanos protestam na Cidade do México contra lei de imigração do Arizona
O Congresso mexicano, em pronunciamento assinado por todos os partidos políticos representados, celebrou o “reconhecimento da decisão da juíza norte-americana Susan Bolton de suspender os artigos”.
Jesús Ortega Martínez, líder nacional do PRD (Partido da Revolução Democrática), oposição, afirmou que apesar da suspensão de parte da lei SB1070, as garantias individuais dos latinos continuarão vulneráveis e defendeu a extinção da norma. O secretário de Relações Internacionais do PRD, Saúl Escobar, opinou que a liminar bloqueou parcialmente a leu, “mas simbolizou uma grande vitória do movimento imigrante, porque foi reconhecido que partes da legislação são inconstitucionais e, portanto, impossíveis de serem reconhecidas.”
Segundo Pedro Ríos, diretor do Comitê de Serviços Amigos das Américas, em San Diego, “a SB 1070 afirma que a cor da pele não deve ser a única motivação para que um oficial da polícia pare um carro e solicite documentos. Deve haver pelo menos outra razão, como um farol quebrado, algo fora do normal. Mas quando se está caminhando na rua o fator principal é a cor, por isso a lei é racista.”
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Apreensão
David é mexicano e atualmente trabalha em San Diego. Ele é contra a lei de imigração no Arizona. “É uma porcaria o que estão fazendo com os imigrantes nesse país. Antes não era assim. Quando cheguei, há 30 anos, se alguém quisesse trabalhar, bastava dar duro e era possível construir uma vida, valia a pena. Sou pintor, trabalho na construção civil, como muitos mexicanos. As minhas mãos e a dos meus compatriotas construíram milhares de casas nesse país e agora somos parados pela polícia porque temos cara de mexicano, como se isso fosse um crime”, contou ao Opera Mundi.
O caráter racista da lei foi criticado essa semana pela Anistia Internacional. Em comunicado, a organização disse que “a lei permite às delegacias do Arizona que detenham e interroguem qualquer indivíduo sobre o status de sua cidadania e o entregue às autoridades imigratórias para possível prisão ou deportação.”
Para a AI, a SB 1070 não contem garantias contra a detenção baseada na aparência física, “prática discriminatória e uma violação dos direitos fundamentais. Também é aumentada a probabilidade de detenções arbitrárias caso a pessoa não possa apresentar imediatamente os documentos solicitados”.
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