Mais de 21 mil graves violações aos direitos das crianças foram verificadas pelas Nações Unidas no ano passado, um “aumento inaceitável” em relação ao número de violações registradas no ano anterior (15,5 mil).
Ao apresentar o relatório esta quarta-feira, a representante especial do secretário-geral para Crianças e Conflito Armado, Virginia Gamba, declarou que as crianças enfrentaram uma violência sem tamanho, “com as partes em conflito ignorando qualquer medida para protege-las do impacto da guerra”.
Mortes
As crianças da Síria sofreram o maior número de violações já registradas no país; na Nigéria, quase metade das 881 crianças mortas foram vítimas de ataques suicidas (incluindo menores usados como bombas humanas); na República Democrática do Congo, houve aumento dos ataques a escolas e hospitais.
Jerome Sessini/Magnum Photos/CICV
Aumento de violações foram registradas em Mianmar, Sudão do Sul, Síria e Iêmen
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Segundo o relatório, mais de 10 mil menores foram mortos ou ficaram feridos em países em conflito, com aumento dos incidentes principalmente no Iraque e em Mianmar e com números que “continuaram inaceitavelmente altos no Afeganistão e na Síria”.
Virginia Gamba questiona como meninos e meninas podem “escapar da brutalidade da guerra quando suas casas ou escolas são alvo de ataques”? Segundo a representante da ONU, isso mostra que os lados em conflito desprezam a lei internacional e deixam crianças e civis cada vez mais vulneráveis à violência.
O documento foca também nas crianças que foram obrigadas a lutar nos combates. No Sudão do Sul, por exemplo, mais de 1,2 mil crianças foram recrutadas por grupos armados. Estupros e outras formas de violência sexual foram verificados em 900 meninos e meninas.
No Iraque, mais de mil crianças estavam em centros de detenção juvenil, a maioria por estarem associadas ao Isil. Na Nigéria, 1,9 mil menores estavam detidos porque seus pais tinham ligação com o Boko Haram.
No relatório, o secretário-geral faz um apelo aos países-membros, para que tratem as “crianças que já estiveram associadas a grupos armados como vítimas”, pedindo que a detenção seja apenas usada como último recurso.
Libertadas
Outra “tendência perturbadora é negar o acesso das crianças à ajuda humanitária, que vem sendo utilizado como tática de guerra”. Isso acontece em Mianmar, Sudão do Sul, Síria e Iêmen.
O relatório da ONU traz também dados positivos: no ano passado, mais de 10 mil crianças foram libertadas por grupos armados e começaram o processo de reintegração.
Na Colômbia, como parte do processo de paz, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, Farc-EP, implementaram medidas para libertar as crianças e prevenir que fossem recrutadas novamente.
Apresentação: Leda Letra.