A Associação de Assistência aos Prisioneiros Políticos (AAPP) afirmou nesta terça-feira (30/03) que mais de 500 civis, incluindo estudantes e adolescentes, foram mortos pelas forças de segurança de Mianmar desde o golpe militar, em 1º de fevereiro.
Ainda de acordo com a ONG, o saldo é “provavelmente muito maior”. Centenas de pessoas que foram detidas ao longo dos últimos dois meses estão desaparecidas. Apenas no último sábado (27/03), mais de cem pessoas foram mortas pelas forças armadas. Entre elas, três eram menores de idade.
Na ocasião, manifestantes contrários ao novo regime foram às ruas no mesmo dia em que os militares realizavam um desfile, na capital Naypyidaw, para celebrar o Dia das Forças Armadas.
Segundo a mídia local, grande parte das mortes de sábado ocorreu em Rangum, a maior cidade do país. Ao menos outras seis regiões registraram protestos com vítimas.
Na véspera, militares usaram rádios e televisões estatais para tentar inibir os atos. Ainda de acordo com a mídia do país, eles ameaçaram atirar “nas costas e na cabeça” de quem se manifestasse contra o regime durante as homenagens às Forças Armadas.
AFP/Telam
O caos nas ruas prevalece desde o início de fevereiro, quando militares tomaram o poder sob alegação de fraude eleitoral
Manifestações
Mianmar enfrenta protestos diários desde a queda do governo de Aung San Suu Kyi, que recebeu um prêmio Nobel da Paz em 1991 pela sua campanha em favor da instauração de um regime civil democrático na Birmânia. Ela continua detida, assim como outros membros da Liga Nacional para a Democracia.
A junta militar tenta justificar o golpe afirmando que as eleições de 8 de novembro, vencidas pelo partido da líder, foram fraudadas. A comissão eleitoral rejeita a acusação. Os dirigentes militares prometeram novas eleições, mas não fixaram uma data e declararam estado de emergência.
O país também enfrenta um revés econômico por conta da instabilidade política, de acordo com previsões do Banco Mundial, que revê para baixo as previsões para a economia, com uma queda de 10% em 2021 e não crescer, como havia sido previsto anteriormente.
O Reino Unido e os Estados Unidos anunciaram sanções contra os interesses financeiros da junta militar, ação que atingiu dois conglomerados industriais de propriedade dos militares. “As sanções de hoje têm como alvo interesses financeiros do Exército, com o objetivo de cortar as fontes de financiamento de suas campanhas de repressão contra os civis”, disse o chanceler britânico Dominic Raab, ao anunciar as sanções contra o grupo Myanmar Economic Holdings (MEHL).
(*) Com Sputnik.