No dia em que a França anunciou o início da operação militar na República Centro-Africana, a Cruz Vermelha informou, nesta sexta-feira (06/12), a morte de pelo menos 130 pessoas nos confrontos entre milícias e forças de segurança na capital, Bangui.
Leia mais:
ONU autoriza intervenção da França na República Centro-Africana
“Registramos mais de 130 mortos até a noite passada, mas não visitamos todas as zonas de combate. Neste momento, não podemos fechar a lista de mortos”, disseram fontes da organização.
Agência Efe (05/12)
Crise na República Centro-Africana tem provocado a formação de grupos de refugiados
O número supera o divulgado na quinta-feira (05) pela ONG Médicos Sem Fronteiras, cujo balanço apontava para pelo menos 50 mortos e cerca de 100 feridos, enquanto as autoridades estimaram o número de mortos em mais de uma centena.
No norte, oeste e sul de Bangui, testemunhas asseguraram que membros do grupo rebelde Séléka – cujo líder, Michel Djotodia, exerce como presidente a transição da República Centro-Africana – têm cometido abusos nessas áreas.
Leia mais:
Após golpe de Estado, República-Centro Africana é isolada por países vizinhos
O Ministério de Segurança Pública anunciou, entretanto, o fechamento das fronteiras com a República Democrática do Congo, a partir de hoje.
Intervenção
“A operação começou e as forças francesas presentes na República Centro-Africana mobilizaram patrulhas em Bangui”, afirmou o ministro da Defesa do país europeu, Jean-Yves Le Drian, à rádio RFI.
“Uma companhia chegou a Libreville (capital do Gabão) ontem à noite e hoje (sexta-feira) um destacamento de helicópteros estará na região”, afirmou o ministro. Uma companhia do exército francês tem em média 150 homens.
NULL
NULL
Segundo o ministro, a missão dos militares franceses, que apoiam as forças africanas já presentes no país, é manter “a segurança mínima para possibilitar uma intervenção humanitária, algo que hoje não é possível”, afirmou.
De acordo com Le Drian, a meta é “levar segurança às ruas e aos principais itinerários para permitir que as pessoas possam chegar ao hospital”.
O exército francês também quer contribuir para que “as forças africanas possam manter a segurança do território à espera da transição política”, completou.
A intervenção francesa, feita a pedido do governo centro-africano, foi autorizada na quinta-feira (05) pelo Conselho de Segurança da ONU. A resolução, aprovada por unanimidade, autoriza os soldados franceses a “tomar todas as medidas necessárias para apoiar a Misca (força militar africana na República Centro-Africana) no cumprimento do seu mandato”.
A Misca poderá agir “por um período de 12 meses” e tem por missão “proteger os civis, restabelecer a ordem e a segurança, estabilizar o país” e facilitar a distribuição de ajuda humanitária na República Centro-Africana.
O país, de 4,5 milhões de habitantes, vive situação de conflito desde o golpe de Estado de março, organizado pelo Séléka, com origem na minoria muçulmana, que afastou o presidente François Bozizé.
A resolução prevê a eventual transformação da Misca em uma força de paz da ONU, a qual terá de ser aprovada pelo Conselho de Segurança, devendo o secretário-geral das Nações Unidas preparar um relatório sobre a questão nos próximos três meses.
O documento aprovado prevê ainda a criação de uma comissão de inquérito sobre os direitos humanos e o embargo de um ano às armas para o país.
(*) com agências de notícias Efe e France Presse