Dezenas de milhares de pessoas se manifestaram na noite de sábado (14/01) em Tel Aviv, capital de Israel, contra o novo governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seus planos de realizar uma reforma judicial, considerada uma ameaça à independência dos três poderes.
Segundo a imprensa local, pouco mais de 80 mil pessoas enfrentaram o tempo chuvoso e se reuniram na Praça Habima, local de referência do centro da cidade.
Líderes dos coletivos que prepararam o ato asseguram que havia mais gente e lembram que também houve protestos em outras cidades. No total, os organizadores estimam que foram mobilizadas mais de 100 mil pessoas em todo o país.
Os alvos do protesto foram Netanyahu e seu ministro da Justiça, Yariv Levin, ambos rostos visíveis de uma iniciativa que, segundo analistas, daria mais poder ao Executivo em detrimento do Judiciário, cuja independência ficaria em risco.
Entre os líderes que discursaram durante o ato estavam vários líderes da oposição, como a ex-ministra das Relações Exteriores Tzipi Livni, o ex-primeiro-ministro Ehud Barak e o líder do partido Unidade Nacional e ex-ministro da Defesa, Benny Gantz.
Alexandru Romani / Twitter
Dezenas de milhares de israelenses protestam em Tel Aviv contra projeto de reforma de Netanyahu
O ex-presidente da Suprema Corte de Israel, Ayala Procaccia, também se pronunciou, e disse que “estamos no início de uma nova era em que há uma nova definição de democracia: uma democracia incompleta e baseada inteiramente na suposta vontade de o eleitor, que já não dá peso a outros valores democráticos básicos”.
Por sua parte, Livni recordou os processos de corrupção que tramitam na Justiça contra Netanyahu, e ressaltou que “ninguém pode se colocar acima da lei, nem mesmo o primeiro-ministro”.
Entre os líderes sociais, o destaque ficou por conta de Eliad Shraga, porta-voz do movimento Governo de Qualidade, que instou o presidente do país, Isaac Herzog, a declarar Netanyahu incapaz de servir como primeiro-ministro. Ele alertou que o novo governo visa transformar Israel em um estado religioso fundamentalista, que ataca os direitos das mulheres e da comunidade LGBTQIA+.
Há poucos dias, a atual presidente do Supremo Tribunal Federal, Esther Hayut, assegurou que a reforma judicial significará “uma ferida mortal na independência da Justiça”.
(*) Com TeleSUR.