Duas novas revelações do último domingo (17/07) mostraram o caos da resposta da polícia de Uvalde para conter o atirador que matou 21 pessoas, incluindo 19 crianças, na Robb Elementary School em 24 de maio deste ano.
O primeiro foi um relatório de quase 80 páginas feito por deputados do Texas que apontou “erros sistêmicos” na atuação da polícia do distrito de Uvalde e demais corporações que atuaram na resposta ao crime.
Assim como já havia sido divulgado, os agentes demoraram 77 minutos para entrar na sala onde Salvador Ramos executava as vítimas, sendo que chegaram nem três minutos após os primeiros disparos.
O documento aponta que “os agentes da lei não cumpriram o treinamento que lhes foi dado para enfrentar um atirador ativo e falharam ao estabelecer prioridades em salvar vidas inocentes ao invés de pensar em sua própria segurança”.
Além disso, foi apontado que Ramos disparou 142 vezes dentro do prédio e, ao menos, 100 tiros foram dados sem que a polícia invadisse a sala. Ao todo, 376 agentes foram deslocados para a operação que, segundo os parlamentares, também não tinha coordenação definida.
Ansa
Atirador matou 21 pessoas dentro de escola no estado do Texas em maio
Durante as entrevistas com os agentes que participaram da operação, foi constatado que muitos não sabiam quem estava no comando. Outros disseram que o então chefe da polícia distrital de Uvalde, Pedro Arredondo, era o responsável. De fato, quem arrombou a porta da sala e matou Ramos foi a polícia de fronteira, sem o aval de Arredondo.
Na noite do último domingo (17/07), a emissora CNN divulgou um novo vídeo da ação policial. A câmera estava na farda de um dos agentes e é possível ver a falta de coordenação entre eles.
As imagens mostram um agente pedindo para Ramos sem render – sem resposta – e outro com várias chaves nas mãos das portas das salas. Ainda é possível ouvir uma comunicação em que os policiais são informados pelo rádio que há “uma sala cheia de vítimas”.
Quase meia hora antes dessa comunicação, a professora Eva Mirales tinha telefonado para um agente chamado Ruben Ruiz dizendo ter sido ferida por um atirador. Ela morreu pouco depois em outro disparo feito por Ramos.
Arredondo foi afastado ainda durante as investigações e não falou com a imprensa sobre o caso desde então. Porém, pouco após o ataque, considerado o segundo mais letal em uma escola dos Estados Unidos, o agente havia dito que demorou para entrar porque não sabia quantos atiradores eram e que tinha pouco efetivo.