O Mercosul não aceitou o convite do Sica (Sistema de Integração Centro-Americana) para retomar as negociações para a assinatura de um acordo de associação entre os blocos regionais. E não o fará até que o Sica reconsidere a adesão de Honduras ao organismo, ou pelo menos a presença de membros do governo golpista na representação do país.
A informação é de uma fonte do Ministério das Relações Exteriores uruguaio. O Uruguai exerce atualmente a presidência temporária do Mercosul.
Em abril de 2008, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, então exercendo a presidência temporária, comprometeu-se com o governo da Guatemala a desenvolver um acordo de parceria, a fim de multiplicar os investimentos e promover a cooperação técnica e transferência de tecnologia.
Em setembro de 2008, Mercosul e Sica concordaram em iniciar negociações. A vice-chanceler da República Dominicana, Clara Quiñones de Longo, explicou naquele momento que, devido às assimetrias entre os blocos, o objetivo não era a assinatura de um tratado de livre-comércio (TLC), mas a negociação de um convênio político, econômico e de cooperação de caráter amplo entre as partes.
Em abril de 2009, o uruguaio Tabaré Vázquez e o costa-riquenho Óscar Arias, que assumiram as respectivas presidências dos blocos em julho, confirmaram a vontade de prosseguir com as negociações e foram mais longe: propuseram a assinatura de um TLC.
Mas o golpe de Estado que depôs o presidente constitucional de Honduras, Manuel Zelaya, em 28 de junho, alterou os planos. No meio da quase unânime condenação da comunidade internacional, o Sica declarou, no dia seguinte ao golpe, que não reconhece o governo golpista e manifestou apoio a Zelaya. Também tomou medidas econômicas, como a suspensão do apoio financeiro ao país pelo Banco Centro-Americano de Investimento.
No entanto, a União Européia suspendeu, dois dias depois do golpe, as negociações para um acordo de associação com o Sica, “dadas as circunstâncias”. Uma reunião marcada para julho em Bruxelas foi cancelada.
Na mesma posição está o Mercosul, asseguraram fontes do Ministério das Relações Exteriores do Uruguai. “Estamos aguardando a organização interna do Sica diante do golpe em Honduras. Eles têm que marcar sua posição e determinar como será redefinida a representação de Honduras”, disseram.
O Mercosul pretende que a Sica negocie excluindo Honduras ou que defina outra representação que não a do governo golpista, caso contrário, “seria muito difícil aceitar uma reunião.” “A posição do Mercosul é clara a respeito de Honduras: há certas coisas que não podíamos aceitar”, enfatizaram.
No entanto, as fontes se mostraram confiantes de que o Sica “buscará uma maneira de não criar uma situação desconfortável”, a fim de realizar uma reunião.
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