Em entrevista polêmica ao jornal alemão “Bild am Sonntag”, a chanceler alemã, Angela Merkel, admitiu a possibilidade de um segundo perdão da dívida grega dentro de alguns anos – desde que o governo daquele país siga o roteiro de austeridade fiscal defendido por ela e pela Troika (grupo formado por Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia). Na publicação, ela também defendeu pontos polêmicos como ser contra a igualdade de benefícios fiscais para casais gays em relação aos heterossexuais.
“Caso a Grécia consiga um dia superar suas dificuldades com sua arrecadação sem contrair novas dívidas, então devemos observar e avaliar a situação. Isso não ocorrerá antes de 2014 ou 2015, caso tudo ocorra dentro do previsto”, disse a chanceler ao ser questionada sobre um possível perdão da dívida grega após a próxima eleição legislativas alemã, em 2013.
“O atual programa de ajuda à Grécia vai até 2014. E demos dois anos suplementares ao país, até 2016, para que consiga atingir certos objetivos orçamentários”, disse.
Agência Efe (28/11/12)
No início dessa semana, os ministros de Finanças da Eurozona e do Fundo Monetário Internacional acordaram que a dívida grega terá que ser em 2020 de 124% de seu PIB, ao contrário dos 120% pedido inicialmente pelo FMI.
Desde o início das negociações para o resgate da endividada Grécia, a chanceler alemã tem desempenhado o papel de dura negociadora com países em dificuldade do bloco europeu por medidas de austeridade.
Casamento gay
Na entrevista, ela também se disse contra dar os mesmos benefícios fiscais para casais homossexuais. “Pessoalmente, sou defensora da manutenção dos privilégios fiscais para os casados [nesse caso, os heterossexuais], já que nossa Constituição estabelece uma proteção especial para eles e para sua relação com a família”, disse.
O tema será abordado no congresso de seu partido, a CDU (União Democrata-Cristã), que começa neste domingo em Hannover e termina na quarta-feira (05). Uma ala dissidente vai apresentar uma moção a favor da equiparação fiscal, mas parte da direção do partido é contra.
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A maioria dos alemães é favorável à instituição da igualdade legal entre as uniões civis e os casamentos heterossexuais., assim como a maioria dos partidos. Porém, enquanto a CDU está dividida, sua mais tradicional aliada, a CSU (União Social Cristã), é contra.
A lei local favorece casais que optam por fazer declarações de rendimentos conjuntas. Na Alemanha não há oficialmente casamento entre pessoas do mesmo sexo, que podem apenas se registrar civilmente no regime de união estável. Porém, este status não lhes confere uma série de direitos fiscais, de hereditariedade e também impossibilitam a adoção.
Pesquisa
Levantamento publicado pela revista alemã Focus e realizado pelo instituto TNS Emnid, mostra que Merkel e a CDU tem a preferência de 57% das intenções de voto, contra 28% de Peer Steinbrueck e o SPD (Partido Social-Democrata). Foram entrevistadas 1.005 pessoas entre os dias 28 e 29 de novembro.
Embora 73% dos entrevistados digam que Merkel é mais competente para tratar da política europeia, o social-democrata é mais bem votado (44% a 38%) no quesito de mais competente para lidera com a política econômica e fiscal.