O México endureceu as restrições ao consumo de nicotina, proibindo a venda de vapers e cigarros eletrônicos, e de fumar no Zócalo, a emblemática praça central da capital mexicana, e seus arredores.
O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, assinou um decreto na terça-feira (31/05), Dia Mundial Sem Tabaco, proibindo a comercialização e circulação de Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs), justificando que são prejudiciais à saúde.
“É mentira que os novos produtos, os vapers, são uma alternativa ao cigarro. Há uma propaganda que indica que o prejudicial é queimar o tabaco, a fumaça, mas isso é falso. Os vapores também são prejudiciais à saúde”, disse o presidente.
O México já havia proibido a importação e exportação de vapers, cigarros eletrônicos e seus cartuchos em outubro de 2021, mas as empresas continuavam vendendo os produtos em estoque. Agora, a nova medida proíbe também a circulação e comercialização.
Ao anunciar a nova lei, López Obrador mostrou um vaper cor de rosa para ilustrar como esses produtos são apresentados para atrair os jovens: “Olhe para a cor, o design”, e qcrescentou que um dispositivo do tipo custa cerca de 15 dólares no México.
O comércio do produto tem se mantido, sobretudo, de forma online e por vendedores nas ruas, que contrabandeiam os produtos da China. No Brasil, os DEFs são proibidos, embora muitos cidadãos burlem a legislação.
Proibido fumar no Zócalo
Deste terça-feira, também está proibido fumar no Zócalo e arredores, um dos pontos mais movimentados da Cidade do México, com inúmeros estabelecimentos comerciais, museus e atrações turísticas.
Embora as leis já punam o fumo em locais públicos há mais de uma década, com multas de 45 a 85 dólares, a prefeitura da Cidade do México garante que o objetivo principal da medida é conscientizar sobre os danos à saúde.
Além disso, o Congresso mexicano deve debater em breve uma iniciativa para ampliar os locais onde é proibido fumar, incluindo praias, estádios e centros de entretenimento ao ar livre. As proibições atuais incluem fumar em espaços fechados, escritórios governamentais, lojas, bares e restaurantes, embora haja algumas exceções em centros de entretenimento.
O perigo dos vapers
De acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) publicado em 2021, 32 países proíbem produtos relacionados ao tabaco e em 79 há restrições.
No início de 2020, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), disse que os estados americanos relataram 2.807 casos em que pacientes morreram ou foram hospitalizados com lesões pulmonares associadas a vapers, devido ao acetato de vitamina E.
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No Brasil, os DEFs são proibidos, embora muitos burlem a legislação.
Nos Estados Unidos, a proibição de vapers em restaurantes está em vigor em alguns estados e municípios. Durante sua gestão, o ex-presidente Donald Trump proibiu a maioria dos sabores de cigarros eletrônicos, para coibir o crescente uso do produto por adolescentes.
Em abril, a empresa americana de vapers Juul concordou em pagar 22,5 milhões de dólares num processo em que era acusada de direcionar sua publicidade a adolescentes e mentir sobre como seus produtos são viciantes.
A Índia anunciou em 2019 que estava banindo todos os cigarros eletrônicos.
Como funcionam os cigarros eletrônicos
Os cigarros eletrônicos são compostos por um cartucho ou refil, contendo líquido, e um atomizador alimentado por bateria de lítio, que aquece e vaporiza a nicotina.
A temperatura de vaporização da resistência é de 350°C. Nos cigarros convencionais, essa temperatura chega a 850°C. Ao serem aquecidos, os DEFs liberam um vapor líquido parecido com o cigarro convencional.
Já os cigarros de tabaco aquecido são dispositivos eletrônicos para aquecer um bastão ou cápsula de tabaco comprimido a uma temperatura de 330°C. Dessa forma, produzem um aerossol inalável.
Outros DEFs se parecem com um pen drive e contêm sais de nicotina (nicotina + ácido benzóico). Esse tipo de cigarro provoca menos irritação no usuário, facilitando a inalação de nicotina e, assim, gerando maior dependência
Os vapers trazem em sua composição substâncias como nicotina, propilenoglicol e glicerol, acetona, etilenoglicol, formaldeído, entre outros produtos cancerígenos e metais pesados (níquel, chumbo, cádmio, ferro, sódio e alumínio). Para atrair consumidores, são incluídos aditivos e aromatizantes como tabaco, mentol, chocolate, café e álcool.
“O efeito protetor que se atribuía ao cigarro eletrônico não existe. Em países que liberaram esses produtos há crescente aumento de doenças cardiovasculares na população abaixo de 50 anos”, explica Aristóteles Alencar, da Sociedade Brasileira de Cardiologia. “Diferente do cigarro convencional, que demora às vezes 20 ou 30 anos para manifestar doença no usuário, o cigarro eletrônico tem mostrado essa agressividade em menos tempo.”
Outra substância perigosa encontrada em muitos desses cigarros é o tetrahidrocarbinol, ou THC. “É a substância que leva à dependência do usuário da maconha”, disse Ricardo Meirelles, da Associação Médica Brasileira (AMB).. Segundo ele, os DEFs também podem conter óleo de haxixe e outras drogas ilícitas.