O governo mexicano refutou os dados apresentados pela Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH), segundo a qual foram sequestrados no país, entre abril e setembro de 2010, cerca de 10 mil imigrantes.
O porta-voz do governo em temas de Segurança Nacional, Alejandro Poiré, considerou ser necessário contar com um indicador mais fidedigno, ao assinalar que os dados da comissão são discrepantes com os oficiais.
A CNDH, que pertence ao governo, mas tem caráter autônomo, denunciou na semana passada que registrou 214 sequestros em massa de imigrantes no território mexicano em 2010, com 10 mil raptos entre abril e setembro. Os crimes teriam ocorrido, principalmente, nos estados de Chiapas, Oaxaca, Tabasco e Veracruz, informou a comissão.
Em coletiva de imprensa, Poiré condenou as violações contra os direitos humanos dos imigrantes que atravessam o país para chegar aos Estados Unidos e lembrou que o governo do presidente Felipe Calderón apresentou para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) um comunicado sobre as várias medidas que estão sendo tomadas para a proteção dos direitos dos imigrantes. Por sua vez, o encarregado do Instituto Nacional de Migração (INM), Salvador Beltrán del Rio, rechaçou “de maneira categórica” os números da CNDH e qualificou-as como “fora da realidade”.
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Desde dezembro de 2010, os governos de El Salvador, Honduras e Guatemala, além de várias organizações civis, têm denunciado o desaparecimento de cerca de 40 imigrantes no estado de Oaxaca, no sul do México. As autoridades destes países centro-americanos dizem que o governo mexicano “não aceita” que tenha ocorrido um sequestro em massa.
Sobre o caso, Poiré comentou que “estão sendo feitas as investigações para ter a certeza do que exatamente ocorreu e poder contabilizar os abusos que tenham sido cometidos”. “Os grupos criminosos têm diferentes formas de operação, em particular Los Zetas, que não possuem, como outros grupos, uma concentração geográfica em particular”, ponderou o porta-voz de segurança do governo.
O cartel Los Zetas foi responsável pelo sequestro e assassinato de 72 imigrantes ilegais, cujos corpos foram encontrados em um sítio no estado de Tamaulipas, no nordeste do país, próximo à fronteira com os Estados Unidos, após a denúncia de um equatoriano que sobreviveu ao massacre. O caso teve repercussão internacional e levantou o alerta sobre os crimes que os carteis de narcotráfico cometem contra os imigrantes, principalmente os que provêem da América Central.
O grupo Los Zetas é formado por ex-integrantes das forças de segurança do México e funcionava como braço armado do cartel do Golfo, que se separou deste e contra o qual mantém uma guerra pelo controle da região leste da fronteira com os Estados Unidos.
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