Os novos parlamentares de Mianmar tomaram posse nesta segunda-feira (01/02), após as eleições populares de novembro indicarem o partido LND (Liga Nacional da Democracia), liderado por Aung San Suu Kyi, como vencedor de 80% dos assentos elegíveis. Foi a primeira sessão parlamentar de uma legislatura eleita em pleito popular desde 1962.
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A líder da LND, Aung San Suu Kyi (à esquerda), não falou com jornalistas ao chegar ao Parlamento nesta segunda-feira (01/02)
Nas próximas semanas, o Parlamento deverá escolher o novo presidente de Mianmar. O mandato do atual presidente, Thein Sein, se encerra em 30 de março. Apesar de ter maioria parlamentar, Suu Kyi não poderá ocupar o cargo, porque a Constituição do país veta para o cargo candidatos com familiares estrangeiros, e seus dois filhos têm passaporte britânico. Em Mianmar, o presidente, que é o chefe de Estado e de governo, é escolhido pelo Parlamento.
No entanto, ela afirmou previamente que estará “acima do presidente”. Nenhum nome foi apontado ainda, embora deverá ser alguém do círculo mais próximo de Suu Kyi.
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A LND possui 60% dos 224 assentos da câmara alta e 51% dos 440 da câmara baixa. A Constituição de Mianmar estabelece 25% dos assentos das duas Casas do Parlamento para os militares. Em 1990, a população votou nas eleições, mas os resultados não foram reconhecidos pelo governo militar.
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O Parlamento escolherá o novo presidente, cargo que Suu Kyi não pode ocupar, a não ser que seja feita uma mudança constitucional
“Nunca imaginei que nosso partido fosse poder formar o governo. Até a população não acreditava que pudéssemos ter um governo da LND, mas agora é um choque para nós e também para o mundo”, disse o parlamentar Khin Maung Myint à agência de notícias Associated Press. Suu Kyi não falou com a imprensa ao chegar ao Parlamento.
“Estamos nos deparando com uma batalha difícil. A maioria de nós possui pouca experiência em governar, mas estamos muito determinados para fazer com que dê certo”, declarou à agência Reuters o parlamentar da LND Myo Zaw Aung.
Suu Kyi passou mais de 15 anos em prisão domiciliar por fazer oposição ao governo militar de Mianmar. Em 1991 ela ganhou o prêmio Nobel da Paz “pela sua luta sem violência pela democracia e pelos direitos humanos”.