Se formassem a população de um mesmo país, todos os migrantes do planeta constituiriam a terceira maior economia do mundo, de acordo com um estudo realizado pelo BCG Henderson Institute, think tank do Boston Consulting Group que atuou em parceria com a Organização Internacional para as Migrações.
Os pesquisadores norte-americanos estimam que os migrantes geram aproximadamente US$ 9 trilhões de produção econômica a cada ano no mundo. E este é um número subestimado, afirma o relatório, uma vez que nem todos os impactos econômicos dos migrantes, seja como consumidores, seja como empresários, são considerados.
Por outro lado, esse número pode dobrar até 2050, revela o estudo, se considerada a tendência de crescimento dos movimentos migratórios. Apenas em 2020 o mundo somava aproximadamente 280 milhões de migrantes, ou 3,6% da população do planeta.
Os migrantes representam um ativo real para a economia e os negócios globais. Além disso, de acordo com o estudo, 72% dos líderes empresariais acreditam que os migrantes são uma oportunidade para o desenvolvimento de seu país. Uma pontuação muito superior daquela alcançada pela opinião pública mundial, em que apenas 41% compartilham desta opinião.
Ainda assim, enquanto 95% dos líderes de negócios revelam que pretendem criar equipes mais diversificadas, apenas 5% deles o fazem de forma que isso tenha um impacto real. As prioridades parecem ser outras no momento: a estabilidade geopolítica global e as mudanças climáticas estão no topo de suas preocupações.
Eles também apontam que deveria existir uma política de recepção mais flexível para que esses migrantes tenham a oportunidade de tentar a sorte em outro lugar.
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Migrantes representam um ativo real para a economia e os negócios globais.
Falta de mão de obra custa US$ 1 trilhão por ano
Seja nos Estados Unidos, China, Alemanha, seja no Reino Unido, Canadá, os déficits estruturais de mão de obra custam ao mundo US$ 1 trilhão por ano, de acordo com este estudo. Nas 30 maiores economias, os pesquisadores descobriram 30 milhões de empregos a serem preenchidos, principalmente na indústria, tecnologias da informação e da comunicação, e na saúde.
As empresas que acolhem um número significativo de imigrantes em suas equipes de gestão também têm lucros em média 15% maiores e têm mais possibilidades de figurar entre as campeãs mundiais da inovação.
A mais recente vacina contra a covid-19 da Pfizer-BioNTech, por exemplo, é resultado do empenho da dupla turca Ugur Sahin e Özlem Türeci, dois imigrantes turcos que vivem na Alemanha.
Os pesquisadores apontam que as inovações que impulsionam nossas sociedades muitas vezes vêm de pessoas que olham com outros olhos para aquilo que, para muitos, não merece maior atenção. Para esses pioneiros em território desconhecido, cruzar fronteiras – não apenas mentais, mas físicas também – é a chave para imaginar novas possibilidades.
Educação e salários elevados
Então, o que seria necessário para que esses migrantes tivessem um acesso mais fácil ao mercado de trabalho? Em primeiro lugar, uma verdadeira vontade política. A legislação para regular a migração é, obviamente, mais ou menos rigorosa dependendo do país, e continua a ser a chave para os migrantes poderem se deslocar de um país para outro.
Mas entram também neste contexto, aponta o estudo, a importância do acesso à educação, da formação e de salários mais elevados.
A pesquisa conclui que, para os dez países mais afetados pelo declínio demográfico e que perderão cerca de 345 milhões de adultos em idade ativa até 2050, os migrantes se tornarão um elemento estratégico essencial para manter suas economias ativas e para torná-las mais competitivas.