Após precisar retirar o capítulo fiscal da ‘Lei Ônibus' antes que tramite no Congresso, o governo do presidente Javier Milei continua a pressionar os governadores das províncias da Argentina com cortes caso seu pacote de reformas neoliberais não seja aprovado.
“Vai haver um grande ajuste nas províncias”, declarou o porta-voz presidencial, Manuel Adorni, em sua conferência de imprensa diária nesta segunda-feira (29/01).
A ameaça do governo é uma forma de pressionar os governadores para que obriguem os deputados daquelas províncias a votarem a favor do texto na próxima terça-feira (30/01).
“Tudo o que precisa de ser ajustado será ajustado”, acrescentou, alertando que nada desviará o governo do seu “norte”, que é o défice zero e o fim da inflação. Apesar do plano, a Argentina tornou-se, na última semana, o país com maior inflação do mundo, com 211,4%.
A retirada do “capítulo fiscal” da Lei Ônibus, na última sexta-feira (26/01) ocorreu em meio às tensões entre o governo Milei e os governadores das províncias.
Esse capítulo incluía, entre outros aspectos, a regularização de até US$ 100 mil em dinheiro, imóveis ou criptomoedas sem o pagamento de impostos, a mudança na fórmula de aposentadoria, uma moratória fiscal, um adiantamento do imposto sobre bens pessoais e o aumento nos direitos de exportação.
O texto neoliberal foi um dos principais motivos da greve nacional realizada na última quarta-feira (24/01), convocada pela Confederação Geral do Trabalho (CGT) da Argentina, que organizou um mobilização massiva em frente ao Congresso em Buenos Aires.
Ilan Berkenwald/Twitter
Milei tem mais de 50% de desaprovação com menos de dois meses de governo
Milei tem 50% de desaprovação
Com dois meses de administração a serem completados em 10 de fevereiro, mais da metade dos cidadãos argentinos desaprovam totalmente o governo Milei, revelou um estudo estatístico da empresa Zuban Córdoba.
De acordo com o estudo 52,8% dos argentinos entrevistados apresentam tais críticas ao governo, que desde o início tem procurado implementar políticas de desregulamentação econômica e privatização, o que gerou mobilizações populares e sindicais em diferentes partes do país sul-americano.
Além disso, a Zuban Córdoba revelou que 55,2% dos entrevistados têm uma imagem negativa de Milei, enquanto 54,4% acreditam que a Argentina está indo na direção errada.
A análise também revelou que 57,1% dos entrevistados acreditam que a economia da Argentina, daqui a um ano, estará igual ou pior do que atualmente.
Os analistas ainda identificaram que 58% dos argentinos rejeitam a ideia de que o ajuste econômico promovido por Javier Milei deve ser pago pelas províncias do país, como ameaça o presidente.
A análise identificou igualmente que 45,9% culpam o governo anterior, liderado por Alberto Fernández pela má situação econômica da Argentina, enquanto 39,1% veem a administração de Milei como responsável.
(*) Com Sputniknews e RT en español