Atualizada às 12h53
Militares de Burkina Fasso anunciaram nesta quinta-feira (17/09) que destituíram o presidente interino, Michel Kafando, e dissolveram o governo a poucas semanas da realização de eleições.
EFE
Ex-presidente, Michel Kafando (dir), e premiê, Isaac Zida (esq) em foto de arquivo de 18 de novembro de 2014
“As forças patrióticas e democráticas, compostas por todos os setores do país e reunidas no seio do CND (Conselho Nacional da Democracia), decidiram terminar com o regime de transição”, afirmou um militar, em pronunciamento da TV estatal, RTB.
O líder do golpe é o general Gilbert Diendéré, que foi proclamado hoje presidente da instituição militar CND. Além disso, ele foi ex-chefe do Estado-Maior no antigo governo do ex-presidente Blaise Campaoré, derrubado por uma revolta popular no fim de 2014 após 27 anos no poder.
A primeira medida adotada por Diendéré foi o fechamento das fronteiras terrestres e aéreas até novo aviso, assim como um toque de recolher a partir das 19h até as 6h, horário local, reportou o portal Burkina 24.
No início da manhã, vários grupos da sociedade civil e sindicatos chamaram a população para se mobilizar contra o golpe. Pelo menos uma pessoa morreu em virtude da repressão de militares na capital, Ouagadogou.
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Na quarta (16/09), Kafando e o primeiro-ministro, Isaac Zida, foram tomados “como reféns” pela guarda presidencial durante o Conselho de Ministros. Ambos foram levados para um acampamento militar em Ouagadogou, onde permanecem sob prisão domiciliar.
Segundo Diendéré, o governo interino de Kafando gerou uma “grave situação de insegurança pré-eleitoral”. No país do oeste africano está prevista uma votação no dia 11 de outubro, que pretende colocar fim ao período de transição.
Críticas
Em comunicado, o presidente da França, François Hollande, condenou “firmemente” o golpe e pediu a libertação imediata de todos os detidos, bem como o retorno ao processo eleitoral. Ex-colônia francesa, Burkina Fasso se tornou independente em 1960 e desde então passou por diversos momentos de turbulência política.
Por sua vez, a ONU classificou como “inaceitável” a detenção de políticos. “Peço aos líderes golpistas que evitem o uso da força, particularmente no caso de protestos, e que seja respeitado o direito da população de participar de mobilizações pacíficas”, afirmou declarou o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, em Genebra.
Além disso, a UA (União Africana) também criticou a destituição do governo de transição. “A UA considera nulo e sem efeito o anúncio da destituição do presidente, Michel Kafando, feito por soldados que pretendem substituir as novas autoridades”, afirmou em comunicado a presidente da Comissão da União Africana, Nkosazana Dlamini Zuma.