Um dos 11 ministros da Suprema Corte de Justiça do México, Eduardo Medina Mora, renunciou ao cargo nesta quinta-feira (03/10) em um episódio inédito no país.
Ao apresentar sua renúncia ao presidente Andrés Manuel López Obrador (AMLO), o ministro não esclareceu quais foram os motivos que o fizeram abandonar o cargo. Em carta enviada ao presidente, o magistrado “implorou” para Obrador aceitar sua renúncia. “Eu imploro que aceite esta renúncia e concorde conforme previsto na Constituição e envie para consideração do Senado da República”, disse o ministro na carta.
“Ele decidiu se separar do cargo. Me pediu para aprovar a demissão. Ele não indicou nenhum motivo e só me solicitou de acordo com a lei que eu aprove sua demissão”, disse Obrador.
Ao comentar o caso, o mandatário considerou que a atitude de Mora pode ter relação com as denúncias de movimentações entre contas do exterior que pertencem ao magistrado. Em junho deste ano, Obrador havia anunciado que uma investigação dos Estados Unidos apontava certas quantias em transferências bancárias que não correspondiam com o patrimônio declarado pelo ministro.
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Eduardo Medina Mora em março de 2018
O Departamento de Tesouro norte-americano afirmou que, entre 2016 e 2018, uma conta no exterior de Mora havia recebido transações que acumulavam 2 milhões de libras (R$ 10 milhões). O mesmo valor foi transferido para uma conta do ministro no Reino Unido.
Mesmo com as suspeitas, Obrador afirmou que as investigações contra o ministro “correspondem ao Ministério Público” e que “não podemos culpar ninguém e muito menos fazê-lo com antecedência, pois isso quem faz são as instâncias judiciais”.
Ainda na quinta-feira, AMLO recebeu e acatou o pedido de denúncia de Mora. Seguindo o determinado pela Constituição, o presidente já encaminhou o pedido ao Senado para que este o analise e aprove a saída do ministro. Após a aprovação, Obrador enviará uma lista de nomes ao Senado para que a Casa escolha um novo membro para a Suprema Corte.
De acordo com o jornal El País, a aprovação no Senado é favorável, pois o partido de Obrador, Movimento de Regeneração Nacional (Morena), tem maioria na casa.
Mora estava na Suprema Corte desde 2015 e ainda teria mais 11 anos no cargo – no México, o tempo de serviço de cada ministro na Corte são de 15 anos. De 2013 a 2015, Mora foi embaixador do México nos Estados Unidos durante o governo de Enrique Peña Nieto. Ele também foi embaixador no Reino Unido, secretário de Segurança Pública e advogado da República.