O setor curdo do governo do Iraque anunciou nesta sexta-feira (11/07) que não participará mais do gabinete do primeiro-ministro xiita, Nuri al-Maliki. A decisão veio após o chefe de Estado acusar o bloco político curdo de abrigar jihadistas sunitas do EI (Estado Islâmico) na cidade de Erbil, localizada na região autônoma do Curdistão iraquiano, no nordeste do país.
Efe
Em junho, o Iraque entrou em tensão com os violentos ataques do Estado Islâmico, que agora controla porções norte e oeste do país
A partir de agora, ministros curdos suspenderam suas atividades em pastas como Relações Exteriores, Comércio, Imigração e Saúde. No entanto, os curdos devem continuar a frequentar o recém-eleito Parlamento iraquiano, que há dias está tentando formar um novo governo, mas constantemente adia sessões por falta de consenso entre os parlamentares.
“O país está agora dividido literalmente em três Estados: os curdos, o EI e Bagdá”, definiu o ministro curdo Hoshiyar Zebari à Reuters. Para ele, o Iraque corre o risco de um colapso se um novo governo inclusivo não for formado “rapidamente”.
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Ainda hoje, o Curdistão iraquiano anunciou ter tomado o controle de dois campos petrolíferos na região de Kirkuk, situada no norte do país, provocando a ira das autoridades de Bagdá, segundo a AFP. As forças curdas teriam ainda expulsado os trabalhadores árabes, substituindo-os por curdos, de acordo com o Ministério do Petróleo da capital.
Na quinta (11/07), a presidência da região autônoma do Curdistão iraquiano exigiu a renúncia de Maliki. “Deveria pedir desculpas ao povo iraquiano e deixar a cadeira da chefia do Executivo. Quem destrói um país não pode resgatá-lo da crise”, acusou a liderança curda em comunicado.
O porta-voz curdo Amid Sabah disse na quinta que Maliki se encontra em um estado de “verdadeira histeria e desequilíbrio” e, por isso, tenta “usar todos os meios possíveis para justificar seus erros e fracassos”, segundo a Efe. Sabah ainda assegurou que Erbil não é um lugar dos combatentes do EI, nem de grupo similares, mas sim o “refúgio dos oprimidos que fugiram das ditaduras”.
Há pouco mais de um mês, o Iraque entrou em tensão com os violentos ataques do Estado Islâmico, que agora controla porções norte e oeste do país. Tal crise apresentou, paralelamente, a forte divisão política no interior do governo de Maliki.
Efe
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