O Ministério Público da Polônia anunciou nesta quinta-feira (28/09) a conclusão de uma investigação sobre o míssil que explodiu na cidade de Przewodow, na província de Lublin, perto da fronteira com a Ucrânia, em 15 de novembro de 2022.
Segundo procurador-geral polonês Zbigniew Ziobro, peritos da Universidade de Varsóvia concluíram que se tratou de um projétil lançado por um sistema antiaéreo S-300, usado pelas Forças Armadas ucranianas.
Ziobro ressaltou, porém, que apenas a identificação da origem do míssil foi concluída, e que ainda está sendo preparada um informe mais abrangente sobre os efeitos causados pela explosão na cidade polaca.
A conclusão do caso acontece em um momento de tensão nas relações entre Ucrânia e Polônia, devido às declarações recentes de autoridades de Varsóvia indicando divergências entre os setores políticos locais sobre a manutenção da ajuda militar do país a Kiev.
Na semana passada, o primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, chegou a dizer que seu país não enviará mais armas à Ucrânia e se concentrar em sua própria defesa. “Não estamos mais enviando armas para a Ucrânia, pois agora estamos armando a Polônia com armas mais modernas”, alegou.
No dia seguinte, o presidente polonês, Andrzej Duda, tratou de retificar as declarações do primeiro-ministro, assegurando que forma “mal-interpretadas”.
Partido Polônia Soberana
Procurador-geral polonês Zbigniew Ziobro também é líder do partido ultraconservador Polônia Soberana
“Na minha opinião, o primeiro-ministro quis dizer que não enviaremos para a Ucrânia o novo armamento que estamos comprando para modernizar o Exército polonês”, afirmou Duda à rede de televisão polonesa TVN24.
Relembre o caso
O incidente em Przewodow ocorreu na noite de uma terça-feira (15/11/22) e resultou na morte de dois moradores locais, dezenas de feridos e diversos danos estruturais ao vilarejo próximo à fronteira com a Ucrânia.
Na ocasião, o governo russo reagiu rapidamente descartando que se tratasse de um míssil disparado por suas forças militares.
Em seguida, Kiev reagiu em tom acusatório. O próprio presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirmou que “o míssil foi lançado desde Moscou” e chegou a solicitar a Duda que permitisse o envolvimento de peritos ucranianos na investigação do caso, o que foi negado.
Por sua parte, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) apoiou a versão ucraniana em um primeiro momento. Porém, dias depois, adotou um discurso mais cauteloso, e defendeu que se “esperasse os resultados das investigações”.
O governo dos Estados Unidos acompanhou a postura mais precavida da Otan, depois de manter-se em silêncio nos primeiros dias após a explosão.
Com informações da agência polonesa PAP.