Após mais de um ano de negociações, o partido governista Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) e o partido opositor Renamo (Resistência Nacional de Moçambique) alcançaram um acordo de paz nesta terça-feira (12/08) na capital Maputo.
O conflito entre os dois partidos e antigas guerrilhas remonta ao período da independência de Moçambique de Portugal, realizada pela Frelimo, em 1975. Dois anos depois, a Frelimo e a Renamo passaram a se enfrentar na chamada Guerra Civil Moçambicana, que durou 16 anos e deixou um milhão de mortos.
Segundo fontes do governo, o tratado assinado hoje incluirá também uma lei da anistia. O intuito será “é anistiar todos os crimes cometidos durante as hostilidades da Renamo contra a segurança do Estado, contra pessoas, contra a propriedade e os crimes militares”, explicou o porta-voz da presidência do país, Edson Macuacua, à Efe.
Para a porta-voz das negociações da Renamo, Saimone Macuiana, foi um trabalho longo, mas que não significa o término das reivindicações do grupo. “Não é o fim do nosso trabalho, mas um passo importante visando ao alcance da paz, da estabilidade do país e do bem-estar do nosso povo”, declarou ao jornal moçambicano Notícias.
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Já o representante da Frelimo, José Pacheco, concordou que “os instrumentos vão levar a passos mais acelerados para a consolidação da unidade nacional”, segundo a imprensa local, e assegurou à Efe que “esta a assinatura do acordo garante o fim das hostilidades”.
A guerra civil entre os Frelimo e Renamo terminou com acordos de paz assinados em Roma em 1992. No entanto, desde 1994, quando ocorreram as primeiras eleições presidenciais, a Frelimo tem vencido a Renamo nas urnas – o que os opositores classificam como eleições fraudulentas. No fim do ano passado, uma onda de raptos e de instabilidade política e militar assolou Moçambique, elevando o temor de um retorno à guerra civil.
Em abril, o porta-voz da Renamo, Antônio Muxanga, disse a Opera Mundi que a intolerância política é principal razão do conflito e que Moçambique foi partidarizada pela Frelimo. “Quando vamos às eleições, quem ganha é aquele que tem maior capacidade de roubo,” disse Muxanga. “Nunca ganhávamos, porque os órgãos de administração eleitoral estão frelimizados”, completou. Em 15 de outubro, estão previstas eleições presidenciais em Moçambique.