Terça-feira, 15 de julho de 2025
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A agência de notícias britânica Reuters destacou, em artigo sobre o legado da rainha Elizabeth II, que a monarca poderá ser vista como “a última de sua espécie”, segundo historiadores, após sua morte, aos 96 anos, nesta quinta-feira (08/09). 

“Alguns historiadores dizem que a rainha será vista como a última de sua espécie, uma monarca de uma época em que as elites impunham respeito inquestionável”, escreveu o veículo. O texto questiona ainda se o reinado de Elizabeth teria representado uma “era dourada” ou “as últimas brasas de uma era passada”.

A monarca britânica faleceu em Balmoral, na Escócia, conforme informou um comunicado do Palácio de Buckingham, e agora Charles, seu filho primogênito, assume o trono, com o título de rei Charles III.

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A emissora multiestatal venezuelana Telesur, por sua vez, mencionou que, embora a rainha tenha sido considerada “o pilar da instituição monárquica britânica” como governante de 15 outros países e chefe da Comunidade das Nações de 36 outros territórios, “a Coroa Britânica não goza do prestígio pois está associada aos crimes coloniais que construíram o Império Britânico”.

Já a rede de televisão norte-americana MSNBC afirma que “Charles reinará sobre uma Grã-Bretanha que se afastou do mundo”, ao destacar que o filho de Elizabeth assume o reinado no Reino Unido. 

O veículo ressalta ainda que o Reino Unido possuía “mais de 70 territórios ultramarinos” quando Elizabeth II foi coroada. O “Império Britânico desmoronou pois país após país tomou o controle de seu próprio destino”, descreveu. 

O jornal norte-americano The Washington Post, por sua vez, relembrou de escândalos relacionados à família real, como o acidente de carro da princesa Diana, em 1997, a saída do príncipe Harry da família real após seu casamento com Meghan Markle em 2020, e as acusações de má conduta sexual feitas contra o príncipe Andrew em 2021.

Para o veículo, o maior “paradoxo” e “façanha” do reinado da monarca teria sido a sua capacidade de passar tanto tempo sendo visivelmente obediente, sem revelar “seu eu interior”.

Pelo Twitter, uma das colunistas do jornal, Karen Attiah, escritora e editora ganense-americana, escreveu: “As pessoas negras e marrons em todo o mundo que estavam sujeitas a crueldades horrendas e privação econômica sob o colonialismo britânico podem ter sentimentos [negativos] sobre a Rainha Elizabeth. Afinal, eles também eram seus ‘súditos’”.

Quem foi a rainha Elizabeth II

Nascida em 21 de abril de 1926, em Mayfair, Londres, Elizabeth Alexandra Mary assumiu o trono em 6 de fevereiro de 1952, com a morte de seu pai, Jorge VI, mas a coroação em si ocorreu em junho de 1953.

TeleSur escreveu que 'Coroa Britânica não goza do prestígio de estar associada a crimes coloniais'; monarca faleceu nesta quinta-feira aos 96 anos

frankieleon/Flickr

Elizabeth II morreu nesta quinta-feira (08/09) e agora Charles, seu filho primogênito, assume o trono, com o título de Charles III

Em junho deste ano, foi inclusive celebrado o Jubileu de Platina pelos 70 anos de reinado. A rainha é a primeira na história do Reino Unido a permanecer tanto tempo à frente do cargo e é a monarca mais idosa a estar na função.

Outro recorde de longevidade é o fato de ter o segundo reinado mais longo da história mundial, ficando atrás apenas do rei Luís XIV da França (1638-1715), que permaneceu 72 anos e 110 dias à frente do país.

Elizabeth casou-se com o príncipe Philip em novembro de 1947 e ambos ficaram juntos até a morte do marido, em 2021. O casal teve quatro filhos: Charles, Anne, Andrew e Edward, sendo que o primeiro será seu sucessor natural.

Cerca de uma década antes de assumir o cargo, Elizabeth chegou a atuar na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) em diversas funções de auxílio, sendo treinada como motorista e mecânica.

Mas a principal marca de seu reinado foi ver a transformação do reino britânico para a chamada “Commonwealth de Nações”.

Além disso, Elizabeth testemunhou muitos dos fatos marcantes do século passado e conseguiu manter a relevância da família real mesmo com tantas mudanças na sociedade britânica.

Um dos momentos mais polêmicos de sua longa permanência no poder, na década de 1990, envolveu seu filho e herdeiro Charles com a princesa Diana.

O casamento de ambos era alvo de notícias de tabloides constantemente e, após a separação, quando Diana morreu em um acidente de carro, a rainha foi duramente criticada por não se manifestar publicamente e por não fazer homenagens formais, como colocar a bandeira do país a meio mastro em sinal de luto.

Após muita pressão, Elizabeth II aceitou fazer uma transmissão nacional ao vivo um dia antes do funeral e ela conseguiu contornar a crise de imagem provocada pelo episódio.

Em outro caso familiar polêmico, no início de 2020, precisou lidar com a decisão de seu bisneto Harry de deixar suas funções na família real após o casamento com Meghan Markle. O caso abalou os Windsor e, até hoje, é alvo de muita especulação de brigas entre Harry, William, seu irmão, e Charles.

A rainha visitou mais de 110 países durante todo o seu reinado, sendo considerada a monarca que mais viajou na história do país.

No entanto, nos últimos anos, o ritmo de aparições públicas foi diminuindo cada vez mais por conta do estado de saúde mais frágil da rainha.

Em fevereiro desse ano, a monarca ainda contraiu Covid-19, tendo sintomas leves por conta da vacinação, mas fazendo com que ela se tornasse ainda mais reclusa e protegida.

A última aparição pública de Elizabeth II aconteceu na terça-feira (6), na própria residência de Balmoral, quando ela aceitou a renúncia do ex-premiê Boris Johnson e empossou a nova primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss – a 15ª chefe de governo britânico a tomar posse com a bênção da rainha. 

(*) Com Ansa.