A morte do estudante Kluibert Roa, de 14 anos, vítima da ação de um policial em Táchira, nos andes venezuelanos, em uma manifestação na tarde de terça-feira (24/02), gerou comoção no país e resultou na convocação de novas mobilizações nesta quarta (25/02). Além da morte de Roa, seis pessoas foram detidas após os protestos.
Na capital Caracas, estudantes protestaram, hoje, diante da sede do Ministério do Interior, Justiça e Paz para pedir que seja feita justiça no caso. A ex-deputada María Corina Machado, líder opositora e uma das formuladoras do “acordo nacional para a transição”, considerado uma tentativa de golpe pelo presidente Nicolás Maduro, convocou, também para esta quarta (25/02), uma marcha com mães vestidas de branco contra a violência no país.
Agência Efe
María Corina Machado dá declarações durante protesto realizado hoje em Caracas
O presidente da Federação de Centros Universitários da Universidade Central da Venezuela, Hasler Iglesias, se reuniu hoje com o vice-ministro do Serviço Integrado da Polícia, a quem entregou um documento com reivindicações que incluem: “a destituição do diretor da Polícia Nacional Bolivariana, que a Resolução 8610 [que regulamenta a ação da polícia em manifestações] seja revogada e que sejam condenados os responsáveis pela morte de Roa e de todos os 43 mortos nos protestos de 2014”.
Maduro enviou suas condolências à família do adolescente e condenou o assassinato. “[Um] Ato violento, quando um grupo de rapazes com capuz estava em atividades de protestos e de geração de violência. Nesse momento aconteceu um fato inverossímil: passaram policiais por ali, começou uma briga, dizem os policiais que foram rodeados e golpeados e atacados com pedras e um dos policiais acionou a escopeta e assassinou este rapaz”, explicou o mandatário durante discurso na VTV.
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A promotora Geral da República, Luiza Ortega Díaz, por sua vez, lamentou o ocorrido e afirmou que as circunstâncias da morte estão sendo investigadas. Díaz informou que o policial, identificado como Javier Mora Ortiz, de 23 anos, já se entregou e será acusado de homicídio intencional qualificado por motivos fúteis e desprezíveis com um agravante, por tratar-se de um adolescente, motivo pelo qual também será aplicada a Lei Orgânica para a Proteção de Crianças e Adolescentes.
Estudiantes protestan frente a Nunciatura Apostólica Caracas #25F pic.twitter.com/0kCtitVaUR
— Andreina Flores (@andreina) 25 fevereiro 2015
Ela ressaltou ainda que Ortiz será acusado de uso indevido de arma orgânica e quebra de pactos e convênios internacionais. Também esclareceu que é proibido o uso de armas de fogo durante manifestações.
A juventude do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela) também se solidarizou com a família do jovem morto e pediu justiça.