A Comissão Permanente de Política Interior da Assembleia Nacional da Venezuela — responsável por temas relacionados ao funcionamento de instituições públicas — anunciou nesta quarta-feira (25/02) que vai discutir a denúncia apresentada ao Ministério Público contra o deputado Julio Borges, coordenador nacional do partido Primero Justicia, do ex-candidato à Presidência do país Henrique Capriles. O deputado socialista Darío Vivas afirmou que a comissão também apresentou provas da participação de Borges nos supostos planos golpistas à Promotoria Geral da República.
Agência Efe
Diante da acusação, Borges pediu 'sensatez' ao governo
Na segunda-feira (23/02), parlamentares chavistas pediram a quebra da imunidade de Borges, para que ele possa ser investigado sobre o apoio a um plano para derrubar o presidente Nicolás Maduro. O pedido foi feito ao Ministério Público ontem. De acordo com a Constituição do país, a denúncia, se provada, deverá ser analisada outras em cinco instâncias para que, então, perca a imunidade parlamentar.
Ainda de acordo com Vivas, Borges seria o responsável por escolher os alvos que seriam atacados no suposto golpe de Estado, entre os quais se incluiriam o Palácio de Miraflores e a TV multiestatal TeleSUR. Assim, Borges seria, junto com Antonio Ledezma, preso na última semana, um dos autores intelectuais do golpe.
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“Nós consideramos que há suficientes elementos para tirar a imunidade e que este senhor [Borges] vá para a cadeia”, afirmou Vivas, em nota divulgada ontem.
Agência Efe
Ex-deputada María Corina Machado (centro), líder opositora, participou de protestos nesta quarta após morte de jovem em protesto
Via democrática
Nesta quarta (25/02), Borges negou as acusações e afirmou que seu partido sempre esteve na “contracorrente”, mas dentro da via democrática. Em 2014, após a crise política desencadeada pelos protestos que deixaram 43 mortos e mais de três mil detidos, Borges participou do chamado feito pelo presidente Maduro para um diálogo, realizado em abril.
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Borges também ressaltou o chamado para que as forças opositoras se concentrem nas eleições legislativas, que serão realizadas no final do ano, e reiterou não ter assinado o “acordo nacional para a transição”, considerado uma tentativa de golpe pelo presidente Nicolás Maduro. Para ele, as eleições serão a “oportunidade de conseguir um equilíbrio democrático na Venezuela”. Hoje, o governo tem maioria no Parlamento.
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O líder opositor também criticou o governo ao afirmar que o país deveria estar focado em problemas como a morte de um jovem estudante em Táchira nesta terça (24/02), as filas em supermercados para comprar produtos e a baixa produção no país, em vez de acusá-lo de golpismo. Ele negou ainda conhecer o autor da acusação contra ele.
Golpe
De acordo com a versão do governo, o chamado “Plano Jericó” incluía o bombardeamento do palácio presidencial e de outras instalações governamentais com aviões enviados do exterior.
Assim, segundo o governo, o plano continha uma série de “ações concretas” para buscar a “reconstrução do país” e era o aviso esperado para iniciar o ataque aéreo contra os alvos governamentais.