A Rússia e a Venezuela iniciaram, nesta semana, exercícios militares conjuntos no território do país sul-americano. Equipamentos e pessoal chegaram ao aeroporto internacional de Caracas Simon Bolíviar, na última segunda-feira (10/12), para o início das atividades.
Moscou enviou para a Venezuela dois aviões Tu-160, modelo considerado o maior avião de combate supersônico já fabricado, uma aeronave de carga, uma de passageiros e 100 oficiais da Forças Armadas do país.
Durante a recepção das aeronaves e dos oficiais russos, o ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, afirmou que a presença dos russos no país faz parte da estratégia de aproximação entre os dois países. “O intercâmbio que existe atualmente entre as duas nações é intenso. Há apenas alguns meses recebemos oficiais da Força Aeroespacial Russa, que estiveram na Síria combatendo”, disse.
Na semana passada, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, realizou um encontro com seu homólogo venezuelano na Rússia, e falou sobre a intenção de que os aviões russos continuem voando para a Venezuela, e que navios militares também pudessem atracar em portos venezuelanos.
Para Shoigu, a estratégia russa nessa operação é ganhar experiência em operações a longas distâncias. “Essa é uma oportunidade de obter experiência importante para a aviação de longo curso e manter o equipamento em estado operacional”, afirmou, na época.
Os governos russo e venezuelano não informaram até quando os militares e os equipamentos russos ficarão na Venezuela.
Para o professor de Relações Internacionais da Universidade Central da Venezuela e de mestrado da Universidade Militar Bolivariana, Ernesto Wong, a a presença de armas de guerra na Venezuela não representa uma ameaça militar. “Esses treinamentos aéreos não representam uma ameaça, mas sim uma demonstração de poder de defesa contra países que, como Colômbia, fizeram ameaças ao país. A Venezuela tem capacidade e direito de se defender”, disse.
Reação dos EUA
A reação do secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, foi imediata. Em sua conta de Twitter, Pompeo criticou o treinamento. “O governo russo fez os aviões bombardeiros cruzarem meio mundo até chegarem à Venezuela. Os povos da Rússia e da Venezuela precisam entender o que isso significa: dois governos corruptos desperdiçam recursos públicos e suprimem a liberdade, enquanto os seus povos sofrem”, publicou o norte-americano.
Em resposta, o porta-voz do presidente russo Vladimir Putin, Dmitry Peskov, classificou na terça-feira (11/12) as palavras de Pompeo como “inapropriadas e pouco diplomáticas”. Peskov afirmou ainda que o orçamento militar dos EUA daria para alimentar todo continente africano.
“No que se trata de desperdício de recursos públicos, não concordamos. Além disso, talvez não seja apropriada essa declaração já que vem de um país em que a metade do orçamento militar daria para alimentar toda a África “, disse Peskov a jornalistas.
O ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, disse que as declarações de Pompeo são “insólitas”. “Os EUA possuem pelo menos 800 bases militares, conhecidas, em 70 países. Além disso, 75 dos 107 programas militares dos EUA para cooperação de segurança operam na América Latina.”
Para Arreaza, o dinheiro investido no orçamento militar dos EUA poderia ser usado para diminuir as desigualdades sociais do país. “Se os EUA estivessem realmente preocupados, deveriam revisar seu imenso e injustificado orçamento militar de mais de U$ 674 bilhões em 2019. Certamente os 50 milhões de pobres e famílias sem acesso à saúde pública dos EUA podem sugerir um destino mais justo para esses recursos”, publicou o ministro venezuelano no Twitter.
(*) Com reportagem de Fania Rodrigues, no Brasil de Fato
Vice Presidência da Venezuela/Divulgação
Rússia enviou dois aviões supersônicos à Venezuela para exercícios militares