O diretor de cinema egípcio Ahmad Rashwan será uma das atrações na segunda etapa da 7ª Mostra Mundo Árabe de Cinema na capital paulista, que ocorre no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) a partir da próxima terça-feira (17). O cineasta vem ao Brasil para falar do seu filme “Nascido em 25 de Janeiro”, que faz parte da exibição e trata da Primavera Árabe. O documentário mostra, sob diversos pontos de vista, o início da revolta que derrubou o ditador Hosni Mubarak no Egito. Os protestos começaram em 25 de janeiro de 2011.
É a primeira vez que o filme será exibido no Brasil. De acordo com Soraya Smaili, diretora cultural do Instituto da Cultura Árabe (Icarabe), promotor da mostra, “Nascido em 25 de Janeiro” foi apresentado no Festival de Berlim deste ano, com ótima aceitação e repercussão. Foi a partir daí que o Icarabe resolveu convidar o diretor para vir ao Brasil e exibir sua produção. De acordo com Smaili, a vinda de Rashwan terá, inclusive, apoio do governo do Egito, além do suporte da própria organização da mostra.
A mostra terá 20 filmes exibidos no Centro Cultural Banco do Brasil, alguns dos quais não chegaram a integrar a sua primeira parte. Entre eles estão o próprio “Nascido em 25 de Janeiro” e “Crônica dos Anos de Ira”, produção argelina de 1975 que é um sentimental relato dos fatos que levaram à guerra da independência da Argélia em relação à França. “O Quanto Eu te Amo”, filme argelino de 1985, também é inédito na mostra e aborda a questão agrícola na Argélia colonizada. “Viva o Homem!” é de 1971 e trata da Argélia pós-colônia.
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Os dois últimos títulos, segundo Smaili, são raridades na Argélia e no mundo árabe pois são filmes que estavam perdidos e foram recuperados. De acordo com Smaili, eles foram conseguidos pelo Icarabe junto à Cinemateca da Argélia, com ajuda da embaixada da Argélia em Brasília. Já “Crônica dos Anos de Ira” foi ganhador da Palma de Ouro no Festival de Cannes em 1975.
Também farão parte das exibições no CCBB as produções brasileiras como “Constantino” e “Sobre Futebol e Barreiras”. O primeiro, de Otávio Cury, conta as descobertas dos antepassados do diretor ao se deparar com um livro escrito por seu avô. O segundo, de Arturo Hartmann, João Carlos Assumpção, José Menezes e Lucas Justiniano, se debruça sobre histórias de futebol de palestinos e israelenses durante a Copa do Mundo de 2010 (veja trailer do filme abaixo).
Smaili afirma que os temas árabes estão cada vez mais presentes nas produções brasileiras de cinema e diz acreditar que isso tem relação com o movimento do próprio Icarabe, mostrando mais o cinema da região e os laços culturais do Brasil com o mundo árabe. Isso tende, segundo ela, a se intensificar nos próximos anos. Esses primeiros filmes, inclusive, afirma Smaili, não são reflexo da Primavera Árabe já que as produções levam algum tempo até ficarem prontas. Estes da mostra, inclusive, foram propostas anteriores ao movimento social da região.
A 7ª Mostra Mundo Árabe de Cinema como um todo tem 32 produções, parte delas integrantes da mostra “Mapeando a Subjetividade: cinema experimental árabe dos anos 60 até os dias atuais”, apresentada no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA) em 2010, 2011 e 2012, sempre nos meses de novembro. A exibição deste ano ainda não aconteceu. A curadora da mostra nova-iorquina é Rahsa Salti, liderança do cinema árabe, juntamente com Jytte Jensen. Salti, libanesa, também é curadora da mostra do Icarabe no Brasil.
Dos 20 filmes que serão exibidos no Centro Cultural Banco do Brasil, apenas quatro não fazem parte de “Mapeando a Subjetividade”, afirma Smaili. Por conta dessa relação com a exibição do MoMA, a 7ª Mostra Mundo Árabe de Cinema tem um tom de experimentação. Mas uma experimentação não no sentido de amadorismo e sim de novas formas de narrativas. É o caso de “Crônica dos Anos de Ira” que parte do ponto de vista dos camponeses argelinos.
A 7ª Mostra Mundo Árabe de Cinema é promovida pelo Icarabe juntamente com a Câmara de Comércio Árabe Brasileira. Ela também é uma homenagem a Aziz Ab’Saber, geógrafo brasileiro descendente de árabes, presidente de honra do Icarabe até seu falecimento, em março deste ano. A primeira parte da exibição em São Paulo começou em 26 de junho e foi até 10 de julho. Os filmes puderam ser vistos no CineSesc, Cinemateca e Galeria Olido. A direção cultural e produção executiva da mostra são de Soraya Smaili e Nagila Guimarães.
O bate-papo com o diretor egípcio Ahmad Ashwan ocorre no dia 21 de julho, às 19h30, no Centro Cultural Banco do Brasil. Também haverá encontro e debate com o diretor Otávio Cury, na abertura da mostra, dia 17 de julho, às 19h30.
Serviço:
7ª Mostra Mundo Árabe de Cinema
No Centro Cultural Banco do Brasil, de 17 a 22 de julho
Rua Álvares Penteado, 112 – Centro – SP
Telefone: +55 (11) 3113 3651
Programação: http://mundoarabe2012.icarabe.org
Ingressos: R$ 4 (inteira) e R$ 2 (meia)