Dezenas de organizações sociais, comunitárias e sindicais colombianas realizam nesta quarta-feira (07/06) uma grande manifestação no Centro de Bogotá, capital do país, para expressar seu apoio às reformas impulsionadas pelo presidente Gustavo Petro e também ao próprio mandatário, que denunciou recentemente uma tentativa de “golpe brando” por parte de alguns setores da oposição.
O evento, batizado pelos organizadores como “Tomada de Bogotá em favor das reformas”, prevê uma marcha pelas principais ruas do centro histórico da capital colombiana, até a Plaza de Bolivar, a maior da cidade, onde se encontra o edifício do Congresso Nacional.
O protesto foi convocado há pouco mais de uma semana, em função das manobras da oposição para obstaculizar o trâmite parlamentar das reformas sociais promovidas pelo governo, especialmente as reformas trabalhista, previdenciária e do sistema de saúde.
O presidente Petro anunciou em suas redes sociais que pretende participar da manifestação “nas ruas e não na varanda do palácio presidencial”.
“Pela saúde, pelas pensões, pela estabilidade no trabalho, contra a impunidade. Vamos às ruas! Compartilhe esta mensagem com vontade”, acrescentou o governante colombiano.
Por salud, pensiones, estabilidad laboral.
Contra la impunidad
A la calle.
Dale un RT con ganas. pic.twitter.com/eO9u0nTJj5— Gustavo Petro (@petrogustavo) June 7, 2023
Além de Petro, a vice-presidente Francia Márquez também foi às ruas para marcar sua presença na manifestação em favor do governo e das reformas.
“Com o coração no lugar certo, com alegria e esperança, seguimos firmes na missão de materializar o projeto de mudanças que o povo colombiano nos entregou. As mudanças avançam no caminho da paz, da justiça social e da vida com dignidade. Nos vemos nas ruas e nas praças!”, escreveu Márquez em suas redes sociais.
Con el corazón bien puesto, con alegría y esperanza seguimos firmes en la misión de materializar el mandato de cambio que nos entregó el pueblo colombiano.#ElCambioAvanza hacia la dignificación de la vida, La Paz y la justicia social, nos vemos en las plazas y calles de ??. pic.twitter.com/HDaOxbRX8T
— Francia Márquez Mina (@FranciaMarquezM) June 7, 2023
As reformas
Entre as reformas mais importantes apresentadas pelo governo de Petro estão a reforma trabalhista, a reforma previdenciária e a reforma do sistema de saúde.
No caso do sistema de saúde, a reforma governista prevê extinguir as Entidades de Promoção da Saúde (EPS) e fortalecer o sistema público administrado pelo Estado.
Já a reforma trabalhista propõe a redução da terceirização e a ampliação do direito de sindicalização e negociação coletiva, além da regulamentação do trabalho rural, do trabalho doméstico e dos trabalhadores de plataformas digitais.
Twitter / El Pensador
Manifestação em Bogotá contou com participação do presidente Petro e também da vice-presidente, Francia Márquez
No caso da reforma previdenciária, os objetivos são o aumento da cobertura, incluindo pensões especiais por invalidez e para trabalhadores rurais, domésticos e de plataformas.
Entre as entidades que apoiam essas reformas estão as três principais centrais sindicais da Colômbia: a Central Unitária de Trabalhadores (CUT), a Confederação dos Trabalhadores Colombianos (CTC) e a Confederação Geral do Trabalho (CGT).
Em um comunicado conjunto emitido nesta segunda-feira (05/06), as três organizações afirmaram que “o debate sobre as reformas é cada vez mais crítico, devido a que está sendo manipulado por uma campanha de difamação nos grandes meios de imprensa, que é incentivada pelos poderes econômicos e políticos da extrema direita”.
“Golpe brando”
A lista de objetivos foi ampliada recentemente, após a denúncia de Petro de que a oposição tenta aplicar o que chamou de “golpe brando”, através de um escândalo que surgiu a partir do vazamento de um áudio envolvendo duas figuras próximas ao presidente: o diplomata Armando Benedetti, embaixador colombiano na Venezuela, e a chefe de gabinete, Laura Sarabia.
O caso foi denunciado em reportagem publicada no domingo (04/06) pela revista Semana, contendo gravações na qual Benedetti afirma a Sarabia que teria provas sobre um suposto financiamento ilegal da campanha presidencial de Petro, em 2022. Segundo ele, a coalizão Pacto Histórico teria recebido cerca de 15 bilhões de pesos (equivalentes a R$ 17 milhões) de organizações envolvidas com o narcotráfico.
O diálogo termina com o diplomata pressionando a chefe de gabinete a revelar o escândalo: “todos nós vamos nos afundar, estamos todos acabados”, afirmou Benedetti, numa tentativa de convencer a interlocutora de que confessar o crime daria a eles supostos benefícios de diminuição de pena.
No mesmo domingo, o ex-candidato presidencial Federico Gutiérrez, terceiro colocado nas eleições de 2022, apresentou uma moção no Congresso Nacional pedindo investigar os “possíveis vínculos do presidente com grupos narcotraficantes”, iniciativa que contou com o apoio de todos os partidos de direita com representação no Legislativo.
Petro reagiu rapidamente ao escândalo, demitindo Benedetti e Sarabia dos seus respectivos cargos. Ele assegurou que as acusações do ex-embaixador são falsas e que o caso se trataria de uma “tentativa de golpe brando”.
“Não aceito chantagem nem vejo a política como um espaço para favores pessoais”, afirmou Petro.
(*) Com informações de RT, El Espectador e Semana