O presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, fez fortes críticas nesta sexta-feira (09/11) a ativistas feministas de seu país que pedem por mais mulheres em postos de trabalho e não atuam a favor de mulheres pobres com filhos. Ele também condenou a “esquerda acomodada”.
“Neste país existem pessoas que lutam por direitos, entre as quais correntes feministas pedindo que nessa sociedade de machistas se abram oportunidades para as mulheres ocuparem todas as posições por suas condições, mas dessas uruguaias submersas, cheias de criança, ninguém se lembra”, afirmou, segundo o jornal El País.
Agência Efe
José Mujica criticou nesta sexta-feira feministas e “esquerda acomodada” do Uruguai
Mujica continuou, dizendo que não viu ninguém “fazer um ensopado para mulheres que estão levantando paredes, parece que não são mulheres e suportam a dupla discriminação de ser mulheres, estar abandonadas e ser pobres”.
De acordo com o presidente, quanto mais rica a sociedade e quanto mais cresce a economia, mais se tende a esquecer aqueles que “ficam no caminho”. Em seu programa de rádio, Mujica falou também de intelectuais e “pequeno-burqueses” acomodados que falam em solidariedade mas “trabalham” com a economia capitalista.
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“Começam tirando férias em Punta del Diablo, depois vão para Florianópolis e no final da trajetória, fazem uma viagem a Miami”, criticou. “Nem lhes passa pela cabeça comprar meio quilo de linguiça para dividir com os necessitados, não ligam para dar esmolas, no fundo, não ligam para nada”. Ele também alfinetou os militantes de esquerda, afirmando que dizem uma coisa, mas agem de outra forma.
Mujica também se referiu aos militantes de direita, dizendo que “geralmente são advogados e notários, sempre vão ser lenientes com os ricos e dizer, com respeito às políticas sociais, que não se deve acostumar os pobres a pedir. Ou então que não se deve dar o peixe, mas ensinar a pescar”.
Por último, Mujica se referiu aos programas do governo. “De que servem os programas de governo se não têm nenhum sentimento ou compromisso? De que servem os programas quando não se sustenta o coração? A política que tem a ver com a vida social é apenas um negócio se você esquecer o compromisso com a solidariedade e a igualdade. E este é um problema anterior aos programas”, concluiu.