O ex-presidente do Uruguai, José Mujica, declarou na noite de terça-feira (08/12) que o acordo comercial que o Mercosul e a UE (União Europeia) negociam há anos está cada vez “mais distante”, sobretudo pela “evolução política” do partido de extrema-direita da França, o FN (Frente Nacional).
EFE
Para Mujica, a Europa também teria um papel essencial como “alternativa” aos acordos com a China
“O que vínhamos brigando há mais de 15 anos, um acordo compensatório de livre-comércio com a Europa, acredito que cada vez está mais longe politicamente, sobretudo pela evolução política que há na França”, afirmou Mujica à emissora de rádio M24 do Uruguai.
No último domingo (06/12), o partido ultraconservador francês, liderado por Marine Le Pen, consolidou-se como primeira força política da nação, com 27,73% dos votos nas eleições regionais.
A legenda, conhecida pelas declarações xenófobas, nacionalistas e racistas, ganha cada vez mais respaldo na França desde a onda de ataques do Estado Islâmico em Paris de 13 de novembro, quando 130 pessoas foram mortas e mais de 200 ficaram feridas.
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Conhecido por sua herança progressista à frente do Executivo do Uruguai (2010-2015), Mujica tem sido defensor de acordos entre países latino-americanos e europeus e, sobretudo, de uma maior integração política e econômica na América Latina.
Em outras ocasiões, contudo, o ex-presidente uruguaio já acusara o velho continente de estar centrado em seus próprios problemas internos, tendo “falta de vontade” para estabelecer um acordo comercial com o Mercosul.
“A Europa não está à altura da civilização que criou”, sintetizara Mujica em uma conferência sobre os novos desafios entre a União Europeia-América Latina em Paris, no fim de outubro.
Para Mujica, a Europa também teria um papel essencial como “alternativa” aos acordos com a China, mas, segundo ele, o conttinente “persiste em pensar em curto prazo”. “A realidade é que vi o Velho Continente cometer tantas torpezas nos últimos anos que tenho medo”, dissera o líder uruguaio na ocasião.