Divulgação
“No fundo, todas as mulheres gostam de receber cantadas”, ousou dizer o chefe de governo de Buenos Aires e pré-candidato à Presidência da Argentina pelo PRO (Proposta Republicana), Mauricio Macri, nesta semana.
A entrevista, dada a uma rádio de Ushuaia, na província (estado) da Terra do Fogo, imediatamente provocou reações da sociedade civil. Macri ainda afirmou que não acredita “em nenhuma (mulher) que diz que não gosta de ouvir cantadas nas ruas”.
Ele foi além, e acrescentou que “não há nada mais lindo que digam 'que linda que você é', por mais que venha acompanhado de uma grosseria do tipo 'que bunda linda você tem'.”
Macri justificou seu argumento ressaltando que, segundo ele, os argentinos são iguais aos italianos na hora de se aproximarem das mulheres e que “as inglesas e as escandinavas adoram os italianos por causa dessa forma que eles têm de abordá-las.”
Questionado pelos entrevistadores se costuma cantar mulheres, o pré-candidato à Presidência da Argentina disse que hoje em dia abandonou o hábito.
“Senão, minha mulher me mata”, respondeu, mas confessou que de vez em quando, “de um lugar de observador passivo e aposentado” pode chegar chegar a dizer “que linda que você é” a uma mulher.
Se te incomoda ler, imagina escutar
O chefe de governo portenho não havia sido convidado a opinar sobre o assunto, que era debatido por locutores do programa alguns minutos antes de sua entrevista. No entanto, decidiu emitir sua opinião. A questão das cantadas ganhou destaque na Argentina há algumas semanas, quando a organização Ação Respeito lançou uma campanha nas redes sociais contra a violência verbal que as mulheres sofrem nas ruas todos os dias.
Divulgação/Ação Respeito
“Mami, se eu te agarrasse te faria outro filho”, uma agressão muito escutada por mães que passeiam com seus bebês na Argentina
Durante a Semana Internacional contra o Assédio nas Ruas, de 7 a 13 de abril, a Ação Respeito difundiu cartazes com algumas das frases mais constrangedoras que as mulheres argentinas escutam diariamente. Com o lema “se te incomoda ler, imagina escutar”, a campanha reproduzia frases típicas como “não quer que eu coloque leitinho no seu café” ou “mami, se eu te agarrasse te faria outro filho” – a última muito escutada por mães que passeiam com seus bebês.
NULL
NULL