A Avenida Paulista foi tomada na tarde deste domingo (17/11) por manifestantes em solidariedade ao povo boliviano. O ato foi convocado pelo Comitê Brasileiro de Solidariedade ao Povo Boliviano Contra o Golpe.
Em sua convocatória pelas redes sociais, o comitê destacou a luta do povo boliviano contra o golpe, contra o fascismo, o racismo e a extrema direita. “É uma luta que deve receber a solidariedade de todas as pessoas e da classe trabalhadora de todo o mundo que defendem as liberdades democráticas”.
No sábado (16/11), o Alto Comissariado das Nações Unidas (ONU) condenou os assassinatos de manifestantes na Bolívia pelas forças de segurança do novo governo. Em quase um mês de manifestações, o número de mortos chegou a 23, conforme balanço da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
A comissão classificou como “grave” o decreto do governo interino que autoriza os militares a controlar a ordem pública, ao mesmo tempo que isenta os oficiais de responsabilidades penais.
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Ato em defesa da democracia e dos povos originários da América Latina na Avenida Paulista, em São Paulo
Leia o manifesto do Comitê Brasileiro de Solidariedade ao Povo Boliviano Contra o Golpe:
Abaixo o Golpe na Bolívia!
Em defesa da democracia e dos povos originários da América Latina!
Um golpe organizado pela extrema direita, com apoio do imperialismo norte-americano, está em curso na Bolívia. A ofensiva do exército, da polícia, e de bandos fascistas forçou a renúncia do presidente eleito Evo Morales e agora reprimem a população que defende a manutenção da legalidade e da constituição. Desde o Brasil, somos solidários à luta do povo trabalhador boliviano contra este golpe. Não reconhecemos como presidente da Bolívia a autoproclamada Jeanine Áñez, uma fraude, assim como Juan Guaidó, o autoproclamado presidente da Venezuela.
Este golpe ocorre em meio a lutas massivas contra o capitalismo na América Latina e no mundo. Acompanhamos no último período as manifestações no Equador, no Chile, e também no Iraque, Líbano, Catalunha, etc. A classe dominante e o imperialismo temem a revolta dos povos, por isso reagem endurecendo a repressão e avançando em suas ofensivas golpistas.
O povo boliviano reage com manifestações e exercendo seu direito à autodefesa tomando conta das ruas do país. Uma grande marcha foi organizada de El Alto até La Paz, e outras regiões também se mobilizam, demonstrando que o golpe não está consolidado. Somente a luta popular é capaz de impedir um golpe, como vimos na resistência do povo venezuelano contra as ofensivas golpistas da oligarquia e do imperialismo.
Os acontecimentos na Bolívia trazem também como lição de que um governo identificado com os setores populares não deve confiar nos capitalistas, nos empresários. Este é o caminho para a direita se rearmar e buscar esmagar a classe trabalhadora e suas conquistas.
Nenhuma confiança deve ser depositada também no imperialismo norte-americano e em seus instrumentos, como a Organização dos Estados Americanos (OEA). A OEA desatou o golpe levantando indícios infundados de fraudes nas eleições.
A luta do povo boliviano contra o golpe, contra Camacho, contra o fascismo, contra o racismo e a extrema direita, é uma luta que deve receber a solidariedade de todas as pessoas e da classe trabalhadora de todo o mundo que defendem as liberdades democráticas.
Assim surge, no Brasil, o Comitê Brasileiro de Solidariedade ao Povo Boliviano contra o Golpe de Estado. Em primeiro lugar, denunciamos os objetivos reacionários deste golpe da direita boliviana, em aliança com o imperialismo norte-americano, e as ações bárbaras organizadas pela extrema-direita no país. Buscaremos dialogar com os trabalhadores brasileiros sobre a necessidade de barrar esse golpe na Bolívia como parte da luta para derrotar os ataques da própria burguesia brasileira e do odioso governo Bolsonaro, que também está alinhado com o imperialismo americano, e é um dos apoiadores deste golpe na Bolívia. Conclamamos a todas as organizações progressistas e democráticas a se somarem em defesa da luta do povo boliviano e se opor ao golpe em curso.
Abaixo o golpe na Bolívia! Viva a resistência popular!
Fora imperialismo da América Latina!