Sexta-feira, 20 de junho de 2025
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O ministro das Relações Exteriores do México e representante do país na IX Cúpula das Américas, Marcelo Ebrard, afirmou na última quarta-feira (08/06) que o papel desempenhado pela Organização dos Estados Americanos (OEA) está “esgotado”, apontando para a necessidade de uma “refundação” do órgão.

Em denúncia, o chanceler mexicano apontou para os bloqueios, embargos e sanções impostos contra países da região em meio à pandemia da covid-19 bem como as ações da organização contra essas nações antes da crise sanitária, considerando uma “contradição” ao direito internacional.

Além disso, Ebrard considerou “surpreendente” que o bloqueio contra Cuba, uma das nações excluídas pela Cúpula, “ainda seja mantido”.

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“É evidente que a Organização dos Estados Americanos e sua forma de atuação se esgotam diante dessa realidade”, disse, acrescentando que a proposta mexicana é “apresentar um projeto de refundação do órgão com base nas políticas de não-intervenção e benefício mútuo”. 

Ebrard ainda destacou a posição do governo do presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador sobre a exclusão de Cuba, Nicarágua e Venezuela do encontro. Na última segunda-feira (06/06), López Obrador confirmou a recusa de participação na Cúpula como “forma de protesto” pela restrição dos países vizinhos.

“Acreditamos que esse é um erro grave e que ninguém tem o direito de exclusão. Não aceitamos o princípio da intervenção para definir unilateralmente quem vem ou não à Cúpula”, acrescentou.

O diplomata mexicano também expressou sua “esperança” de que a Casa Branca avance para “outro tipo de relacionamento” com os países da região. “Se estamos discutindo as mesmas coisas há 10 anos e não temos nenhum resultado, o que vemos é dissenso e não uma rota em comum”, completou o chanceler – mencionando a exclusão de Cuba na VI Cúpula das Américas, em Cartagena, na Colômbia. 

Chanceler Marcelo Ebrard considera que o órgão desempenhou ‘papel vergonhoso’ sob comando do secretário-geral Luis Almagro

Wikicommons

Ebrard expressou sua ‘esperança’ de que a Casa Branca avance para ‘outro tipo de relacionamento’ com os países da região

A OEA foi fundada em 1948 e, segundo a carta da organização, tem objetivo de “alcançar solidariedade, colaboração, soberania, integridade territorial e independência” entre os países do continente americano. Desde a primeira Cúpula das Américas, em 1994, o órgão atua como organizador do evento, que deve buscar soluções e desenvolvimento para a região.

Segundo Ebrard, a OEA, sob o comando do secretário-geral Luis Almagro, desempenhou um “papel vergonhoso” no recente golpe de Estado na Bolívia, ocorrido em 2019 contra o presidente Evo Morales.

“Mãos manchadas de sangue”

Ainda na quarta-feira, Almagro foi acusado de promover o golpe inconstitucional na Bolívia, bem como apoiar os Estados Unidos em relação ao governo do Haiti, após o assassinato do ex-presidente Jovenel Moïse.

Durante uma conferência sobre liberdade de imprensa, democracia e direitos humanos na IX Cúpula das Américas, um dos participantes do evento interrompeu a fala de Almagro acusando-o de ter “as mãos manchadas de sangue” pela morte de 36 pessoas que protestaram contra o impeachment do então presidente boliviano Morales.

“Luis Almagro, por causa das suas mentiras, houve um golpe contra um governo eleito de forma democrática na Bolívia. Essa ditadura que você ajudou a instalar massacrou 36 pessoas que protestavam pela restauração da democracia em seu país. Você é um assassino e uma marionete dos Estados Unidos”, afirmou o participante ainda não identificado.

Além disso, o secretário-geral da OEA foi culpabilizado pelo assassinato do jornalista argentina Sebátian Moro, que morreu em La Paz, capital boliviana, enquanto cobria a situação da crise política no país.

 (*) Com Telesur