O presidente da Colômbia, Ivan Duque, foi à televisão na noite desta quinta-feira (21/11) para falar sobre a greve geral que o país atravessou, após passar o dia sem falar sobre o assunto. Tal qual Sebastián Piñera no início das manifestações do Chile, o colombiano disse que “está escutando” – porém, não falou sobre as demandas dos que foram às ruas.
“Hoje, os colombianos falaram. Os estamos escutando. O diálogo social tem sido a bandeira deste governo, devemos aprofundá-lo com todos os setores da sociedade e acelerar a agenda social e de luta contra a corrupção. Nesta democracia forte e sólida, que todos guardamos, estamos todos juntos”, disse, durante o discurso.
A greve desta quinta-feira foi convocada por centrais sindicais e movimentos sociais contra, dentre outras demandas, o pacote de reformas proposto pelo governo Duque, incluídas mudanças na previdência e na legislação trabalhista.
“Nós estamos convencidos do que o uma mãe e um pai de família fazem em casa conta. Que o que os estudantes e um docente em uma instituição educativa conta. Que o que fazem um trabalhador e um empresário conta”, disse.
Duque dedicou quase metade do seu discurso para falar de vandalismo e violência nos protestos, e disse que a polícia capturou “dezenas de criminosos”. “Não permitiremos saques e atentados contra a propriedade privada. E vamos aplicar a eles todo o peso da lei.”
Nicolás Galeano/Presidencia de Colombia
Após passar o dia sem se referir à greve, Duque fez pronunciamento na TV
Greve
A greve geral que mobilizou diversos movimentos populares e paralisou as principais cidades da Colômbia entrará para a história como uma das maiores mobilizações do país. Essa é a avaliação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) colombiana sobre o dia de paralisações, que levou milhões de pessoas às ruas.
Cidades como Medellín, Barranquilla, Cali e a própria capital, Bogotá, tiveram alta adesão de manifestantes durante atos e marchas que se realizaram desde as primeiras horas do dia.
A movimentação se estendeu até o final da noite com uma série de panelaços. Foram registrados protestos em Bogotá, Cali, Medellín e outras cidades, como Cartagena, Barranquilla e Bucaramanga .
A mobilização para o panelaço foi feita via redes sociais e há uma nova convocatória para esta sexta (22/11), a partir das 16h (18h em Brasília).
Na capital, onde o Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) da Polícia Nacional reprimiu com mais força os manifestantes durante o dia de greve geral, o panelaço começou por volta das 19h e foi ouvido em bairros no centro e no norte da cidade.
De acordo com El Tiempo, o panelaço mobilizou novamente vários manifestantes, que voltaram a sair às ruas – dessa vez, com panelas nas mãos.
Em Medellín, o panelaço foi ouvido inclusive nos bairros de alto padrão, como El Poblado, e em cidades da região metropolitana que concentram população de alto poder aquisitivo.