Yousef Al-Othaimeen, secretário-geral da OIC (Organização de Cooperação Islâmica), a discriminação contra muçulmanos está se tornando institucionalizada em um mundo cada vez mais dividido pela ascensão de políticas de extrema-direita. O líder da organização composta por 57 países de maioria muçulmana afirmou nesta semana durante uma sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) que a extrema-direita “fortalece a narrativa do 'nós' contra 'eles'”.
“Este é um cenário assustador para um mundo intolerante em que nenhum de nós gostaria que nossos filhos vivessem. Nós, portanto, precisamos desempenhar nosso papel”, argumentou.
Embora tenha evitado mencionar especificamente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que emitiu uma ordem executiva que bania a entrada no país de cidadãos de sete países de maioria muçulmana, Al-Ohtaimeen criticou o que chamou de “restrições gerais e políticas discriminatórias” impostas sobre muçulmanos baseadas em sua religião.
Reprodução/Twitter
Yousef Al-Uthaymeen, secretário-geral da OIC, denunciou discriminação institucionalizada contra muçulmanos perante Conselho de Direitos Humanos da ONU
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O secretário-geral fez um apelo à ONU, pedindo atenção a casos específicos, como o tratamento recebido pela minoria muçulmana em Burma, na região de Rohingya. Após conflitos com militantes separatistas em outubro do ano passado, o estado, predominantemente budista – e sob a liderança do Nobel da Paz Aung San Suu Kyi –, instituiu uma severa repressão na região. Um relatório da ONU inclusive acusou o governo birmanês de tratamento “devastadoramente cruel” da minoria, incluindo assassinatos, tortura, estupro sistemático e punições econômicas, acarretando em dificuldades financeiras e desnutrição.
O conflito no Oriente Médio também foi um dos casos destacados pelo líder da OIC. Al-Ohtaimeen ressaltou a situação de “apartheid” em que vivem os muçulmanos em Israel e na Palestina, e afirmou que muçulmanos sírios vivem “a pior repressão em sua história” devido ao conflito que se estende no país desde 2011. O secretário-geral destacou perante o Conselho que os estados membros da OIC, que somam uma população total de 1,8 bilhões de habitantes, recebem a maioria dos refugiados e migrantes que fogem de seus países devido a conflitos locais e internacionais.
O Conselho de Direitos Humanos da ONU, instituído como um órgão independemente mas cada vez mais politizado, foi criticado pelos Estados Unidos devido ao que o país chamou de “obsessão por Israel”. O país, governado por Donald Trump, ameaçou se retirar do Conselho após uma sessão especial sobre os abusos de direitos humanos de Israel.